Reforma Trabalhista: Sindicalistas denunciam estado de exceção
“A sensação é de estado de exceção. Não estamos em um país democrático onde se conversa, se pondera. Aqui não acontece isso. Aqui se tira arma para os representantes dos trabalhadores como aconteceu com o Adilson”, declarou ao Portal Vermelho João Paulo Ribeiro, o JP, secretário de trabalhadores do serviço público da Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB). Ele acompanha no Senado a votação da reforma trabalhista.
Por Railídia Carvalho
Publicado 11/07/2017 18:23
JP afirmou que ele e dezenas de dirigentes das centrais sindicais estão sendo impedidos – e coagidos pela polícia legislativa – de acompanhar a votação da reforma trabalhista que acontece nesta terça-feira (11) no plenário do Senado.
Ainda de acordo com JP, há um cerco da polícia legislativa contra os manifestantes. Segundo ele, aqueles que estão em frente ao plenário Petrônio Portela, local em que governistas armavam continuar a sessão, não podem usar o banheiro e nem receber alimentos.
“A informação que temos é que há possibilidade de algumas pessoas credenciadas do movimento sindical irem para as galerias mas isso ainda não aconteceu. Há também uma expectativa em torno da desocupação dos corredores do Senado”, informou JP.
Em um cenário em que senadoras da oposição ocuparam a mesa diretora no plenário do Senado e em que os governistas usam de todas as manobras para avançar com a votação da reforma trabalhista, o movimento social e sindical denuncia a censura e repressão a que estão sendo expostos nos corredores da Casa que deveria ser do povo.
Na opinião da maioria, volta a se instalar o clima de repressão que ocorreu ao final da Marcha da Classe Trabalhadora contra as reformas em maio.
O saldo naquela ocasião foi de 49 feridos, pessoas presas, policiais apontando armas letais para manifestantes, lançando bombas de gás lacrimogêneo e gás de pimenta. Michel Temer também editou decreto autorizando as forças armadas para conter a manifestação.
Voz dos trabalhadores
O presidente da CTB, Adilson Araújo, foi um dos dirigentes que sentiu o peso da ação policial ao reclamar das armas da segurança legislativa apontada para os trabalhadores.
“Não estamos aqui para brigar com a polícia mas não vamos ser nós vítimas da repressão. Queremos acesso para emitir uma opinião e falar em nome daqueles que querem que o Brasil saia das páginas policiais e encontre o caminho da geração de emprego”, afirmou.
A busca pelo diálogo no Senado também é o motivo do ato político de ocupação da mesa diretora do plenário pelas senadoras Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), Fátima Bezerra (PT-RN) e Gleisi Hoffman (PT-PR).
Vanessa diz que os parlamentares querem discutir o projeto e não apenas deixar nas mãos de Michel Temer a decisão pelos vetos.
Quadrilha
O presidente da Central Única dos Trabalhadores Vagner que Michel Temer e seus “comparsas” tornaram a democracia brasileira “uma brincadeira”. Ele se referiu ao grupo como “quadrilha”.
Nesta segunda-feira (10), o deputado Carlos Zveiter apresentou parecer favorável a que prossiga na Câmara a denúncia de corrupção passiva contra o presidente Michel Temer. Envolvido em gravação com o executivo Joesley Batista, Temer foi denunciado pela Procuradoria Geral da União (PGR).
Vagner também denunciou que “entrou gente ligada a confederações patronais” para acompanhar . “É um golpe parlamentar, que além de tirar direitos impede o acesso do povo. È a ditadura. Se o povo não pode entrar é porque eles tem alguma coisa a esconder”.
Arbitrariedade
Marianna Dias, presidenta da União Nacional dos Estudos (UNE) acusou a presidência do senado de arbitrária e autoritária. Ela confirmou que a policia agiu com truculência e ameaçou os manifestantes com armas.
“Não vamos recuar porque aqui é nossa casa. Os movimentos sociais querem opinar. No Brasil tem movimento social e a gente não vai permitir que passe tudo em branco”, enfatizou a dirigente da UNE. Marianna denunciou as manobras dos governistas em tentar fazer uma sessão clandestina, o que levou os manifestantes à entrada do auditório Petrônio Portela.
Por volta das 18h a sessão de votação da reforma ainda não havia sido retomada no Senado. Representantes dos movimentos sociais e sindicais permaneciam na Casa.