Julieta Palmeira: Machismo é problema de saúde pública
A Lei Maria da Penha (LMP) é um marco civilizatório. Ao completar 11 anos de vigência, neste mês de agosto, cabe uma reflexão no que se refere ao impacto da legislação no enfrentamento à violência contra as mulheres.
Julieta Palmeira *
Publicado 28/08/2017 12:38
É importante frisar que as mulheres e meninas são mortas, com mais frequência na esfera doméstica, por seus namorados, companheiros, ex-companheiros, maridos, ex-maridos, pais, avôs, local em que deveriam estar mais protegidas.
A 2a Conferência Nacional de Saúde das Mulheres, realizada recentemente em Brasília,reunindo 1261 delegadas, aprovou que o machismo é um problema de saúde pública. De fato, o machismo em nosso país, e as violências decorrentes dele contra as mulheres, é um problema de saúde pública porque afeta a vida das brasileiras quando não lhes tira a vida pelo feminicídio.
Iniciativas tem sido implementadas na Bahia com a ampliação da Ronda Maria da Penha;o esforço de ampliação do número de delegacias especializadas; o atendimento de equipe interdisciplinar no Hospital da Mulher no acolhimento às mulheres; além da execução do projeto “RespeitaAsMina” que envolve campanhas de sensibilização e publicitárias, caravanas de enfrentamento à violência nos municipios e nas escolas em parceria com os municipios. É fundamental para a aplicação da LMP a ampliação da Rede de Atenção as Mulheres em Situação de Violência que envolve as esferas municipais e estaduais. O marco civilizatório que é a LMP, não consegue atacar ainda o machismo, que faz com que as violências de gênero sejam naturalizadas.
A educação não discriminatória,o empoderamento feminino para ocupar espaços públicos e autonomia econômica e social das mulheres são fundamentais. A atitude diante de uma urgência pública é decisão política e atuação conjunta da sociedade e das várias esferas do governo para enfrentar esse problema. Vivemos algo semelhante a uma guerra civil prolongada com a morte de 13 brasileiras por dia em decorrência de machismo.