Trump pode cancelar 'normas antiestupro' nas universidades

A administração de Donald Trump decidiu rever as normas aprovadas em 2011, durante o governo de Barack Obama, para combater os crimes sexuais em universidades, tirando a parte das vítimas e mantendo apenas os processos disciplinares internos, considerados pouco funcionais.

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O anúncio foi feito pela secretária de Educação, Betsy DeVos, durante um pronunciamento na George Mason University, em Arlington, Virginia. Em fevereiro, DeVos já havia cancelado as bases do texto aprovado por Obama para garantir às pessoas transgêneros o uso de banheiros segundo sua identidade de gênero.

Foi imediata a onda de críticas à política, também nas redes sociais, onde a hashtag #StopBetsy tornou-se um dos eventos mais comentados. Muitos usuários sarcasticamente afirmaram não estarem surpresos com esse passo para trás por parte de um governo comandado por um presidente que, em um vídeo, se gabava por poder fazer o que queria com as mulheres – até mesmo, segurando suas genitais.

No mais, observam os mais atentos aos dados sociológicos, os acusados de abusos sexuais são majoritariamente homens brancos (57% segundo a Rainn, a maior organização norte-americana contra a violência sexual), exatamente a base eleitoral de Trump.Entre os críticos à medida, está também o ex-vice-presidente do país Joe Biden. Na época da aprovação da lei, Biden foi um dos homens que participou de uma propaganda antiestupro batizada de "It's on us".

"A verdade é que muitas pessoas não querem falar sobre a brutal realidade dos ataques sexuais, especialmente, quando ocorrem nas nossas mais adoradas instituições. É a nossa realidade e deve ser enfrentada. Qualquer mudança que enfraqueça a proteção do Title IX [a lei que fala sobre o tema] será devastante",escreveu em sua página de Facebook.

Já a entidade "End Rape on Campus" afirmou que a decisão é "um ataque aos sobreviventes das violências sexuais".

"A verdade é que o sistema estabelecido pela precedente administração estragou a vida de muitos estudantes", sustentou DeVos, abraçando as teses daqueles que afirmam que os processos sumários com base na voz da vítima não dão direito à defesa.

Em julho, sua assistente para o departamento de Direitos Civis, Candice Jackson, tinha recebido inúmeras críticas por ter afirmado que "90% das acusações recaem na categoria 'estávamos bêbados e, seis meses depois, fui acusado porque ela decidiu que nossa noite não tinha sido muito boa'".

Mas, segundo o próprio Departamento de Justiça dos EUA, cerca de 19% das meninas em idade universitária estão sujeitas à abusos sexuais e apenas 12% delas denunciaram. De acordo com a entidade, apenas 2% dos casos analisados tiveram alguma informação falsa.