As tensões que rodeiam as negociações do Brexit
A União Europeia começou a preparar o processo de transição do Brexit, afirmando que Londres deverá aceitar todas as leis e regulamentos de Bruxelas durante o período de transição. Theresa May enfrenta a pressão dos conservadores de seu partido e, enquanto isso, uma sondagem afirmou que cada vez mais britânicos defendem um segundo referendo
Publicado 01/02/2018 13:10
Depois de acertar as condições básicas para o divórcio do Reino Unido da União Europeia (UE), a equipe de negociação da UE se reuniu na segunda-feira (29) com os representantes dos 27 estados membros para iniciar a discussão sobre as regras para o relacionamento entre Bruxelas e Londres durante o período de transição do Brexit, que poderá durar até ao fim de 2020.
Nesse período, o Reino Unido não irá mais participar das instituições e no processo de decisões da União Europeia, mas terá de continuar a respeitar as leis e os regulamentos fixados por Bruxelas- o que abrange “todos os instrumentos e estruturas da UE em vigor em matéria regulamentar, orçamental, judiciária, de supervisão e de execução, incluindo a competência do Tribunal de Justiça da União Europeia”.
Enquanto ocorrem as negociações e os acertos finais, o governo britânico está sob intensa pressão dos parlamentares do Partido Conservador, descontentes com o processo de negociação e transição, uma vez que queriam um Brexit mais imediato. Os conservadores tomaram uma posição ofensiva após o responsável pelas finanças, Philip Hammond, ter dito em que o cenário ideal para o pós-“Brexit” seria um de “mudanças modestas” quanto ao relacionamento comercial entre Londres e Bruxelas.
Theresa May avisou, nessa quinta-feira (1), a alguns jornalistas, que os cidadãos europeus que chegarem no Reino Unido durante o chamado período de transição podem perder alguns direitos comparados aos outros europeus que entrem em território britânico antes do final das negociações com Bruxelas, em março de 2019. A declaração pode provocar outra tensão, uma vez que a União Europeia espera que os cidadãos europeus tenham os mesmos direitos de plena residência durante o período de transição que poderá durar até dezembro de 2020.
Nesse período, o Reino Unido não irá mais participar das instituições e no processo de decisões da União Europeia, mas terá de continuar a respeitar as leis e os regulamentos fixados por Bruxelas- o que abrange “todos os instrumentos e estruturas da UE em vigor em matéria regulamentar, orçamental, judiciária, de supervisão e de execução, incluindo a competência do Tribunal de Justiça da União Europeia”.
Enquanto ocorrem as negociações e os acertos finais, o governo britânico está sob intensa pressão dos parlamentares do Partido Conservador, descontentes com o processo de negociação e transição, uma vez que queriam um Brexit mais imediato.
O governo de May expos sua fragilidade após a reorganização do governo britânico, no ínicio de janeiro desse ano. A renomeção dos ministros era uma forma de fortalecer o governo após uma série de problemas, como as eleições convocadas pela primeira-ministra, e nas quais acabou perdendo a maioria dos votos. Contudo, mesmo após a reorganização dos cargos, os ministros mais importantes, e alguns dos mais controversos, continuaram no governo.
Somando-se a isso, uma sondagem da empresa ICM para o jornal britânico The Guardian, feita com cinco mil pessoas e divulgada no dia 27, afirmou que 47% dos britânicos consideram que deve haver um segundo referendo, contra 34% que recusam reabrir a questão. Em dezembro, em uma sondagem menor feita também pela ICM/Guardian, 32% dos entrevistados defendiam a ideia de uma nova votação. Os dados ainda mostraram que que o “não” ao Brexit sairia vencedor no momento, mas com uma margem curta: 51% dos votos, o que representa um valor inferior aos 52% do “sim” que ditaram a atual decisão do país em junho de 2016, remetendo para um ambiente de incerteza sobre qual seria o resultado final caso uma nova votação avançasse de fato.