Laura Carvalho: paralisação revela alto custo da ilegitimidade
A economista e professora da USP Laura Carvalho comentou nesta quinta-feira, 31, os resultados da pesquisa Datafolha sobre a greve dos caminhoneiros, que mostra apoio de mais da metade dos entrevistados, mas também apoio significativo à intervenção militar entre os manifestantes.
Publicado 31/05/2018 11:14
"Sobram razões na história mundial para acreditar que não há risco maior para a democracia do que a total descrença na capacidade do sistema em vigor de melhorar a vida do conjunto da população", diz Laura em artigo na Folha de S. Paulo.
"Embora a captura cada vez maior do Estado pelos interesses de poucos seja um fenômeno global, que explica em parte o déficit democrático atual ao redor do mundo, é difícil imaginar um governo nacional que colabore tanto com o aprofundamento do abismo entre as pessoas e o sistema político-econômico quanto o de Michel Temer", acrescenta.
Segundo ela, a desilusão com os rumos do país também fez com que a pauta de derrubada da presidente Dilma defendida por parte dos grevistas de 2015 "evoluísse para uma pauta de rejeição aberta e total ao regime democrático e sua substituição por um regime militar".
"O alto custo do experimento Temer não se restringe, portanto, aos de natureza econômica infringidos à maioria da população. O que resta de nossas instituições democráticas também pode pagar caro", diz ela.