Eletricitários em greve pelo Brasil contra privatização da Eletrobras

A Eletrobras completou 56 anos de existência nesta segunda-feira (11) sob greve dos trabalhadores da estatal. Em diversos estados, foi denunciado o avanço da privatização da empresa comandada pelo governo de Michel Temer e pelo presidente da Eletrobras Wilson Pinto. Iniciada à meia-noite desta segunda, a greve de 72 horas deve prosseguir até a quarta-feira (13). O abastecimento de energia está garantido à população. A expectativa é que 24 mil trabalhadores cruzem os braços.

Sindicato dos Urbanitários de Brasília greve de 72 horas. Bolo Fora Wilson Pinto

Para a greve acontecer os eletricitários dialogaram com o Tribunal Superior do Trabalho (TST) que assegurou o direito à manifestação mesmo com o pedido da Eletrobras pela abusividade do movimento. A instância trabalhista também acordou com os trabalhadores o funcionamento de 75% do efetivo responsável pelo abastecimento de energia elétrica.

Aumento da tarifa de energia elétrica, demissões em massa, risco de apagão, deterioração da prestação de serviços são alguns dos prejuízos apontados pelos eletricitários com a privatização da Eletrobras. De acordo com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), a tarifa deve aumentar de imediato 17%.   

"Além da paralisação, nós estamos fazendo alguns atos para chamar a atenção da população sobre o processo de privatização da Eletrobras. A maior prejudicada, quem vai pagar essa conta, é a população. As empresas do Sistema Eletrobras vendem o quilowatt/hora por 7 centavos e as empresas privadas a 87 centavos por quilowatt/hora", declarou Nailor Gato ao Brasil de Fato. Ele é vice-presidente da Federação Nacional dos Urbanitários (FNU).

Entrega de riquezas a preço de banana

O objetivo do governo de Michel Temer é vender a empresa por 20 bilhões de reais. Só em ativos, a Eletrobras acumula 170 bilhões de reais. O governo brasileiro tem nas mãos a maior estrutura do setor elétrico latino-americano. Fazem parte da Eletrobras 47 hidrelétricas, 114 termelétricas, 69 usinas eólicas e duas usinas nucleares. Possui 70 mil km de linhas de transmissão e detêm 10% do mercado de distribuição.

A palavra de ordem dos eletricitários é barrar na Câmara Federal as seguintes iniciativas legislativas que promovem a privatização da Eletrobras: Projeto de Lei 9.463/18, que trata da desestatização da Eletrobras; o Decreto 9.188/2017, que trata de desinvestimento das Empresas de Economia Mista, e o PL 1917/2015, que trata da Portabilidade da Conta de Energia, podendo trazer consequências desastrosas para as Empresas Distribuidoras. Os eletricitários também pedem a saída do presidente da estatal, Wilson Pinto, considerado por eles peça-chave no processo de privatização de Michel Temer.

Nailor Gato citou o programa Luz para Todos, que leva energia às  regiões mais distantes do país. como um dos que sofrerão os efeitos da privatização. "É um dos programas mais importantes, inclusive, foi colocado na época (de implantação) como um dos maiores programas de distribuição de renda, por exemplo, no meio rural, você consegue conservar a produção para vender este produto no fim de semana nas feiras e no mercado e mantém o homem rural produzindo para quem mora na cidade. No texto da medida provisória (da privatização) está previsto acabar com o subsídios nesta área e quem vai ser penalizado é o homem rural, as periferias das cidades".

Confira fotos da greve nesta segunda-feira (11):

Protesto em frente a Eletrobras no RIo de Janeiro

Amazonas Energia (AM)

Ceron (Rondônia)

Furnas Foz do Iguaçu (PR)

Furnas Itabéra (SP)

Furnas – Usina de Estreito (SP)

Protesto em frente a Eletrobras no Rio de Janeiro

Furnas Aparecida de Goiânia (GO). Deputada Isaura lemos e vereador William Panda em apoio aos trabalhadores

Chesf em Salvador (BA)

Eletroacre (AC)

Furnas Ivaiporã (PR)

Chesf Ceará

Chesf Recife (PE)

Centrais Elétricas de Alagoas 


Angra dos Reis (RJ)