Manuela à UJS: Ocupar a política, para transformar a política

Do alto de uma cadeira, bem no meio dos milhares de militantes que acompanham o 19º Congresso Nacional da União da Juventude Socialista (UJS), a pré-candidata à Presidência da República, Manuela d’Ávila, destacou a importância da entidade na sua trajetória. Vestindo a camiseta que é marca de sua pré-campanha – em que se lê “lute como uma garota” -, ela exaltou a rebeldia da juventude como motor de transformação e defendeu que os jovens ocupem espaços de poder para mudar a política.

Manuela no congresso da UJS

A pré-candidata participou, na noite deste sábado (14), de um ato político durante o Congresso da UJS, que acontece no Instituto Federal de São Paulo (IFSP). Na hora de seu discurso, Manuela desceu do palco e caminhou até o centro do ginásio onde ocorreu a atividade.

Ela começou sua fala contando que recebeu uma crítica, pelo fato de sua camiseta não dizer “lute como uma mulher.” Segundo a deputada estadual, contudo, o seu maior esforço é para “seguir lutando como a garota que nós fomos um dia”. “Nesse 2018 compeltam-se 20 anos do dia em que eu estava em sala de aula e uma outra menina, a Lúcia, se aproximou com um xerox de uma ficha de filiação à UJS e eu fiz uma opção, como uma garota, de lutar por coisas que são as mais importantes”, disse.

E apontou que a entidade foi a escola onde aprendeu sobre o socialismo e o Brasil. “A UJS me ensinou que lutamos como garotas socialistas quando não nos conformamos com a ideia de que existe um homem ou uma mulher melhor que outro homem ou outra mulher. Ou com a ideia de que existe um jovem que pode viver e outro que não. Foi a UJS que me ensinou que lutamos porque não nos conformamos com o fato de que há crianças como a minha filha e há outras que não têm acesso a nada. Foi a UJS que me ensinou que lutamos como uma garota quando nos apaixonamos por esse país”, afirmou.

Para ela, a frase de sua camiseta vai além da ideia de que ela luta desde o lugar de fala de uma mulher. “Estamos dizendo que trazemos algo que, muitas vezes, é visto como defeito, mas é a maior qualidade da juventude, que é a rebeldia, a inconformidade, a convicção de que a realidade pode e deve ser transformada. Isso é lutar como uma garota”.

A pré-candidata ressaltou que cada militante tem um papel a cumprir, mas que a luta coletiva é ainda mais importante. “Nós, juntos, quando ocupamos a politica, podemos transformar a política. Se a gente junta as garotas e garotos que somos, com a inconformidade com os problemas e a certeza de que podemos mudar os rumos do país, podemos construir um socialismo brasileiro, com a cara desse povo, podemos transformar. Ser militante da UJS é dizer que acreditamos na juventude, na união e no socialismo”.

Manuela rebateu ainda a ideia de que jovens não gostam de política. “A gente não gosta de qual política? A política feita pela própria elite, em que todo mundo que ocupa a política é homem, branco e tem entre 50 e 60 anos? A gente não gosta dessa política mesmo. Mas a gente não gosta dessa e abandona toda a política? Ou a gente não gosta dessa e ocupa para transformar? A gente decidiu ocupar para transformar”, colocou.

Na sua avaliação, não há contradição entre a luta institucional e a luta dos movimentos sociais. “Para a gente, mandato é instrumento da luta de transformação, que a gente da UJS aprende na rua. A gente é UJS em qualquer espaço. Não interessa se é na UNE, na Presidência ou no movimento negro, LGBT. A UJS nos diz que é urgente amar o Brasil, é urgente construir o socialismoa para que a gente tenha dias de justiça social”, declarou.

Manuela citou um trecho da música “Bola de meia, bola de gude”, de Milton Nascimento, para falar do papel que cumpre a juventude. “Vocês nos dão a mão nos mais difíceis momentos. A gente foi lá, lutou contra neoliberalismo, denunciou privatização, veio Lula, Dilma, Reuni, Prouni, cotas, ‘Minha casa, minha vida’, soberania nacional, brasilidade, autoestima. Aí depois golpe, misoginia, ódio, ódio de classe, crescimento do fascismo. Aí a gente olha pra vocês e vocês nos dão as mãos e nos lembram das coisas belas”, disse.

No fim, ela fez um agradecimento à UJS, afirmando que foi seu tempo como militante na entidade que lhe permitiu hoje ser pré-candidata à Presidência. “Vocês permitiram que eu me encontrasse com o povo brasileiro, com a luta pelo mais belo, pelo mais justo e o melhor do mundo, com os heróis do nosso povo, permitiram que eu tivesse força para lutar contra o liberalismo, para ver muito sonhos serem realizados, e que eu tivesse a certeza de que é possível construir um país mais justo”, concluiu.

Durante o ato, que foi acompanhado por delegados de todo o país e também por convidados de outros países, como Síria, Chile, Portugal e Argentina, o vice-presidente do PCdoB, Walter Sorrentino, falou ainda sobre a crise do capitaismo e o momento de regressão, concentração de renda e elevação da pobreza pelo qual passa o mundo. E destacou que há alternativa ao regime do capital.

Ao encerrar sua fala, Sorrentino celebrou o que, para ele, é o maior sentido de ser vanguarda nos dias de hoje, que é à capacidade de renovar as gerações de lutadores e dirigentes do povo brasileiro.
Luíza Bezerra, secretária da Juventude da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), destacou a difícil situação do jovem no mercado de trabalho brasileiro. “A juventude ao lado da classe trabalhadora vai conseguir superar esse momento, e isso só se faz através da política”, apontou.

Já o presdiente da CTB, Adilson Araújo, citou a necessidade de a esquerda lutar por uma convergência programática e promover mobilizações. “É fundamental enxergar que ocupar o poder pressupõe ocupar as ruas, quebrar o estigma da criminalização da política, disputar o voto de um povo que está descrente. Precisamos apresentar uma persepctiva. A Manuela é a voz da alternativa, do socialismo”, defendeu.

O diretor do IFSP, Luís Cláusio de Matos também mencionou a importância de lutar contra a campanha de descrédito da política. “A gente sabe que está em curso um golpe no país. E o golpe não e só tirar a presidenta e vender nossas estatais. Querem que a gente acredite que todo político é corrupto, que a política não presta e que devemos ignorar isso. Fico feliz de ver a juventude unida, porque o que querem é que a gente fique descrente e abandone nossos ideias. E aí eles vão poder fazer o que quiserem. Por isso, não desistam nunca”, pediu.

O presidente da União Brasileira de Estudantes Secundaristas, Pedro Górki, falou sobre a resistência da juventude. Segundo ele, os jovens não aceitam mais a miséria, a fome, a exclusão, a educação sucateada e o desemprego. “Se forem fechar e sucater as escolas, nós vamos ocupar. No momento em que vendem nosso patrimônio, nossa resposta é ocupar todos os espaços de poder. Essa juventude não aceita um país que não seja para todos”, afirmou.

Marianna Dias, presidenta da UNE, destacou a destruição que o atual governo promove no país e também mencionou a unidade das esquerdas. “Quando dizemos que queremos ocupar o poder, é para que essa destruição não continue. Eles precisam saber que daqui vai sair resistência, daqui vão sair jovens preparados. Quando a gente vê Manuela, a gente se inspira. Uma mulher que se dedica à luta política e que não tem vergonha de dizer que não será impeditivo para a esquerda se unir. E a esquerda precisa se unir porque depende dela um projeto de país mais justo”.

A presidenta da UJS, Carina Vitral, falou que o golpe coloca a conta da crise nas costas dos trabalhjadores, das mulheres e dos jovens. “A situação não está fácil, a gente se envergonha vendo o Congresso comprometido com interesses econômico,s ao invés de com os interesses do povo. A solução é ocupar. Vamos tomar os espaços de poder, pegar a caneta na mão, e tomar os rumos do nosso país. Vamos ocupar a opolítica, porque a política é a única esperança. A nossa geração, que luta e ocupa, precisa chegar lá para fazer diferente”, concluiu.

Veja a íntegra do ato politico: