PEC da Economia Solidária – uma boa proposta, em boa hora

A recente Proposta de Emenda Constitucional 69, apresentada pelo Senador Jaques Wagner em 08 de maio de 2019, propõe acrescentar um novo inciso ao art. 170 da Constituição Federal que trata dos princípios estruturantes da ordem econômica brasileira. Este inciso introduzirá nestes princípios a “Economia Solidária”.

Por Dayvid Santos e Daniel Nagao Menezes e Éden Valadares*

É uma boa proposta em uma boa hora, já que a ofensiva liberal do Governo Federal e de seus aliados globais, tem, empurrado o Brasil e o mundo para uma grave crise, seus efeitos deletérios, resultou em 2017, no surgimento de cerca de 815 milhões de famintos, afetando 11% da população mundial, e o desemprego chega próxima da marca  de mais de 200 milhões de pessoas em toda a esfera global.

No Brasil, a concentração de renda tem afetado o desenvolvimento nacional e construído um pais altamentte desigual, atualmente os 6 bilionários mais ricos do Brasil detêm a mesma riqueza de 100 milhões de pessoas, a renda concentrada por 1% dos mais ricos, faz do nosso país figurar entre os países com maior desiquilibrio no mundo.

É neste contexto, que a PEC 69/2019 do Senador Jaques Wagner cujo seu objetivo é institucionalizar a Economia Solidária, chega como instrumento de representação e de reconhecimento de que os princípios de gestão econômica baseados na solidariedade utilizados pelos empreendimentos solidários desde o final dos anos 70 são válidos. A PEC reconhece os mais de 19.708 empreendimentos, com mais 1.423.631 pessoas associadas, distribuídos entre 2.713 municípios brasileiros, em todos os estados da federação, segundo dados do IPEA (2017), e traz à luz a mensagem de que a Economia Solidária é muito mais do que um movimento social de resistência a condições econômicas adversas, ela é, um conjunto de princípio, valores e práticas capazes de criar uma nova forma de se organizar a atividade econômica, abrangendo não só empreendimentos populares em que seus membros lutam pela sobrevivência, até sofisticados empreendimentos globais da chamada “economia laranja”.

A proposta, embora pareça singela ao incluir um único inciso com duas palavras apenas, possui um impacto incomensurável na ordem econômica. Como a própria Justificativa da PEC 69/19 apresenta, a solidariedade – que é meta universal da Constituição Federal (art. 3º, I) – passa contar expressamente com uma ferramenta (instrumento) para a sua efetivação, que é exatamente a Economia Solidária.

A Economia Solidária – embora exista um campo de disputa em aberto por seu significado e abrangência – já é um conceito maduro e pronto para ser institucionalizado como princípio estruturante da ordem econômica brasileira, motivo pelo qual a PEC 69/19 foi proposta no momento correto.