Marcha das Margaridas é a maior ação de mulheres da América Latina

Nesta segunda-feira (12), dia em que se completam 36 anos do assassinato de Margarida Maria Alves, símbolo da maior ação de mulheres da América Latina, milhares de Margaridas de todo o Brasil e de outros 26 países estão  em Brasília para participar da Marcha das Margaridas 2019, que será realizada nesta terça-feira (13) e na quarta (14).

Marcha das Margaridas - Ricardo Parizotti

Elas estão em milhares de ônibus, centenas de barcos, avião e carros. Seja da forma que for, todas trazem em suas bagagens a força e a coragem para lutar por um Brasil com soberania popular, democracia, justiça, igualdade e livre de violência.

As caravanas começaram a chegar na madrugada desta terça no Pavilhão do Parque da Cidade. Às 9h, será realizada uma Sessão Solene no Plenário Ulysses Guimarães, na Câmara dos Deputados, em homenagem às Margaridas. A partir das 14h serão realizadas atividades simultâneas no Pavilhão do Parque da Cidade: oficinas, plenárias, painéis, Mostra das Margaridas, rodas de conversa, lançamento de Cartilha, entre outras. A abertura oficial será às 19h, seguida de noite cultural.

A grande marcha será no dia 14 (quarta-feira). A concentração será a partir das 6h, no Pavilhão do Parque da Cidade, com saída prevista às 7h em direção à Esplanada dos Ministérios, onde será feito o encerramento por volta de 11h nas proximidades do Congresso Nacional.

Para as Margaridas, marchar em Brasília reúne grande valor político e simbólico. Em marcha, fazem ecoar a importância do trabalho exercido pelas mulheres, ainda invisibilizado, e afirmam a necessidade de um país que assegure ao seu povo direitos capazes de promover justiça social e igualdade, principalmente às mulheres e às populações negras, que vivem de forma mais intensa os efeitos das desigualdades, da fome e da violência.

“Diante da importância da Marcha das Margaridas, construída em seus 20 anos de história, a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) e organizações parceiras convidam todas e todos a estarem conosco, principalmente no dia 14 de agosto, em defesa dos direitos e dos interesses das mulheres do campo, da floresta e das águas”, comentou Mazé Morais, secretária de Mulheres da Contag e coordenadora geral da Marcha das Margaridas.

Quem são as Margaridas?

São as mulheres trabalhadoras do campo, da floresta e das águas que, em marcha, tecem suas experiências comuns de vida e luta. A Marcha tem como força inspiradora a luta de Margarida Maria Alves, uma mulher trabalhadora rural nordestina que, rompendo com padrões tradicionais de gênero ocupou, por 12 anos, a presidência do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Alagoa Grande, na Paraíba.

Líder sindical bastante influente, construiu uma trajetória sindical de luta pelo direito à terra, pela reforma agrária, por melhores condições de trabalho e contra as injustiças sociais e o analfabetismo.

No dia 12 de agosto de 1983, esta grande lutadora do povo foi brutalmente assassinada, na porta de sua casa. Seu nome se tornou um símbolo nacional de força e coragem cultivado pelas mulheres e homens do campo, da floresta e das águas. É em nome dessa luta que a cada quatro anos, no mês de agosto, milhares de Margaridas de todos os cantos do País marcham em Brasília, num clamor por justiça, igualdade e paz no campo e na cidade.

Quem coordena?

É coordenada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (Contag), suas 27 Federações e mais de 4 mil Sindicatos de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais filiados. A Marcha das Margaridas se constrói em parceria com 16 movimentos feministas e de mulheres trabalhadoras, centrais sindicais e organizações internacionais.