Discurso de crise de Marchezan serve ao desmonte da cidade

A política de Marchezan, que levou à piora dos serviços e à sua entrega a empresas que buscam o lucro (e não o bom atendimento à população), prejudica a vida de todos e em especial dos mais vulneráveis.

Saúde pública tem sido alvo desmonte promovido pelo prefeito de Porto Alegre.l Foto: Joana Berwanger/Sul21

Há alguns dias, participei, na sede do Sindicato dos Municipários de Porto Alegre (Simpa), do lançamento de estudo feito pelo Instituto Idea, denominado “A Verdade sobre as Finanças da Prefeitura de Porto Alegre”. O levantamento foi feito com base em dados oficiais de órgãos do município, estado e governo federal. O mais interessante do estudo é trazer à tona informações que são desconhecidas pela grande maioria da população e que fazem um importante contraponto ao discurso da gestão Marchezan.

O atual prefeito chegou ao Paço Municipal com um projeto claro: implantar uma gestão neoliberal que privilegia os interesses privados em detrimento dos interesses públicos. Marchezan tem sucateado e precarizado os serviços de saúde, educação e assistência social, além de deixar a cidade abandonada, suja, com ruas esburacadas. Quer vender o patrimônio público, a exemplo da centenária Carris, do Mercado Público, símbolo da nossa cidade, e do Dmae, que fornece água tratada a preço baixo para a população. Tem entregado parte dos serviços a ONGs, entidades filantrópicas e empresas privadas e atacado direitos dos servidores públicos. 

Marchezan age desta forma usando o argumento de que a cidade está em crise, não dispõe de dinheiro suficiente e de que a gestão privada seria mais eficiente do que a pública. Pois bem. O estudo do Ideia mostra que não é bem assim. “Entre 2004 e 2019, as receitas totais cresceram 58,15%, ao passo que as despesas totais cresceram 39,37% em termos reais. Em todo este período, as despesas de pessoal sempre ficaram situadas bem abaixo do limite definido pela Lei de Responsabilidade Fiscal [LRF]”, diz o estudo. Além disso, nos últimos anos, o governo tem feito sucessivas previsões de déficit nas contas públicas que, no final do ano, não se confirmam. Um exemplo: no ano passado, o governo disse que haveria déficit de 1.164 bi, e no final, houve 569 milhões de superávit. E quanto ao uso da iniciativa privada, sobram casos na cidade, estado e país mostrando que as terceirizações abrem caminho para o desvio de verbas, encarecem e pioram os serviços ofertados à população.

Em suma, a política de Marchezan, que levou à piora dos serviços e à sua entrega a empresas que buscam o lucro (e não o bom atendimento à população), prejudica a vida de todos e em especial dos mais vulneráveis. Porto Alegre não merece isso! Nossa cidade precisa de políticas públicas construídas com participação popular, de serviços públicos amplos e de qualidade e de um governo que dialogue com a população, administrando a cidade em conformidade com as necessidades das cidadãs e cidadãos. Somente assim, teremos uma Porto Alegre que seja, de fato, democrática e inclusiva.

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Um comentario para "Discurso de crise de Marchezan serve ao desmonte da cidade"

  1. Clara Lopes disse:

    Olá aqui é a Clara Lopes, eu gostei muito do seu artigo seu conteúdo vem me ajudando bastante, muito obrigada.

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