Flávio Dino critica Anvisa e quer uso da lei para obter vacina Sputnik V

Um total de 51 países já aplicam a vacina. A compra das doses pelo Consórcio do Nordeste foi realizada no último dia 15 de março

Governador do Maranhão, Flávio Dino - Foto: Brunno Carvalho

O governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), discordou da posição da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) que alegou falta de elementos técnicos e a necessidade de ir à Rússia para decidir sobre a importação de 37 milhões de doses da vacina Sputnik V. O insumo já foi negociado com o Consórcio de governadores do Nordeste, com o apoio de gestores do Norte, junto ao Fundo Soberano Russo.

Na terça-feira (6), 12 governadores participaram de reunião com a Anvisa para conseguir a liberação do uso emergencial da vacina. Na ocasião, eles pediram a autorização excepcional para importar o insumo, sendo que a Anvisa tem sete dias úteis ou nove corridos para permitir.

O governador disse compreender e até aplaude “o zelo técnico da Anvisa”, mas discorda da interpretação dada pela Agência sobre o sistema normativo referido. “Nossa visão e respeito à Anvisa vai no sentido que, derivado destes atos normativos, temos sete dias úteis para que se pronuncie e vamos aguardar. Com esta reunião, nossa expectativa nesse encontro era objetivamente dizer o que falta. Decorridas três horas de reunião, a Anvisa considera insuficiência de elementos técnicos e vai realizar diligências in loco, na Rússia. Discordo cabalmente e incisivamente desta decisão”, frisou Dino.

Em sua fala, o governador Flávio Dino lembrou que o Brasil alcançou 4.195 óbitos por Covid-19, o que classificou de “patamar inaceitável e inadmissível”. “Este é o motivo pelo qual estamos buscando reflexão mais atenta e destacada sobre o tema. Temos convicção que o estamos solicitando da Anvisa não é nada além do que a norma prevê, não é fora do ordenamento jurídico brasileiro. Se fosse, não faríamos”, enfatizou sobre a solicitação do Consórcio.

Flávio Dino anunciou que irá reunir com os governadores do Consórcio para definirem o que fazer. “Queremos que aquilo que a lei garante, seja feito. Os governadores dos Estados têm idêntica responsabilidade técnica que a Agência possui. Estamos pedindo aquilo que as normas asseguram, com base em todos os elementos técnicos aqui citados. Dezenas de agências reguladoras autorizaram a vacina Sputnik. Há certificação e registros em dezenas de países. Consideramos que isso é suficiente para aferição de eficácia e segurança. Portanto, entendemos que a lei deve ser cumprida”, reforçou o governador.

Flávio Dino assegurou que respeita os pontos de vista diferentes, mas permanecerá no caminho que a interpretação defendida pelo Consórcio tenha validade. Ressaltou ainda que não se trata de posicionamento político, mas administrativo. “Portanto, nós, colegas governadores, vamos adotar medidas para que haja senso de urgência na aplicação das normas. Realmente, entendemos que essas etapas defendidas pela Anvisa são dispensáveis nesse momento, em relação ao pleito dos Estados e especialmente do Governo do Maranhão”, concluiu o governador Flávio Dino.

Segundo os testes, a Sputnik V possui 94% de eficácia. Um total de 51 países já aplicam a vacina. A compra das doses pelo Consórcio foi realizada no último dia 15 de março. Com as negociações concretizadas, o primeiro lote da vacina deve ser importado da Rússia e o restante será produzido no Brasil pela farmacêutica União Química.

Avaliação

Os pedidos de importação da Sputnik V estão sendo analisados pela Anvisa, de acordo com a Resolução da Diretoria Colegiada da Anvisa (RDC) 476/2021. A resolução trata dos procedimentos e requisitos para submissão de pedidos de autorização excepcional e temporária na importação e distribuição de medicamentos e vacinas contra Covid-19.

A norma é específica para o enfrentamento da emergência de saúde pública de importância nacional decorrente do surto do novo coronavírus (SARS-CoV-2), nos termos da Lei nº 14.124, de 10 de março de 2021.

Com informações da Agência Maranhão de Todos Nós

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