Silêncio de Carlos Wizard é confissão de culpa, dizem senadores

O empresário usou o direito do habeas corpus concedido pelo ministro Luís Roberto Barroso do Supremo Tribunal Federal (STF)

O empresário Carlos Wizard na CPI (Foto: Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado)

“Eu me reservo o direito de permanecer em silêncio”, disse com frequência essa frase Carlos Wizard durante interrogatório na CPI da Covid nesta quarta-feira (30). Ele usou o direito do habeas corpus concedido pelo ministro Luís Roberto Barroso do Supremo Tribunal Federal (STF). O empresário é suspeito de integrar o “gabinete paralelo” do governo Bolsonaro. Wizard  é um dos maiores apoiadores do presidente e propagador do uso do “kit covid”, medicamentos que não têm eficácia cientifica comprovada no tratamento da Covid-19.

 O empresário Carlos Wizard fez uma apresentação inicial justificando a ausência em convocação anterior e negando conhecer ou fazer parte de um gabinete paralelo para gestão da pandemia. Disse que permaneceria em silêncio, conforme prevê o habeas corpus emitido pelo STF.

Para o vice-presidente da CPI, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), o silêncio dele é uma espécie de admissão de culpa. “Uma CPI que apura as razões que levaram mais de 500 mil pessoas à morte é uma das raras ocasiões onde o silêncio é a melhor resposta. Quem cala diante de meio milhão de mortes, consente. E consente com o mais cruel dos crimes”, disse o senador.

Mesmo diante do silêncio, o relator Renan Calheiros (MDB-AL) expôs vídeos mostrando o empresário espalhando mentiras, defendendo cloroquina, criticando “aqueles que ficaram em casa e não foram em busca do tratamento precoce”. “Eu estou satisfeito pelas perguntas que fiz e até mesmo, humildemente, eu queria confessar, pelas respostas que não obtive, já que a tecnologia hoje nos permite guardar esses vídeos que foram veiculados em função de campanhas produzidas pelo governo federal e que contaram, lamentavelmente, com muitas pessoas e até com empresários valorosos na sua veiculação como charlatanistas”, afirmou o relator.

“Carlos Wizard, mesmo se reservando ao direito de ficar em silêncio, é exposto a uma verdade vergonhosa: faz críticas ao Senado por lutar por vacina para o povo enquanto atuou no gabinete antivacinas e fez suposto lobby para a compra da CanSino. E ainda se diz um homem de Deus. Covarde!”, criticou o senador Rogério Carvalho (PT-SE).

O senador Otto Alencar (PSD-BA) pediu ao empresário que faça uma reflexão. “Um mea-culpa na sua consciência, já que o senhor é cristão, e saiba que o senhor contribuiu muito para muitas pessoas relaxarem com o uso de máscaras, fazerem aglomeração, tomarem medicamentos ineficazes e irem a óbito. Faça uma reflexão e nunca mais na sua vida proceda assim”, disse.

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