Impeachment de Bolsonaro é solução após suposto recuo, defendem senadores

Senadores acreditam que o tal “recuo estratégico” de Bolsonaro não durará por muito tempo e os ataques à democracia e aos demais poderes da República voltarão em breve. O impeachment surge como solução definitiva para a instabilidade criada pelo atual presidente e seus apoiadores

(Fotomontagem PT no Senado)

A bancada do PT no Senado reagiu com ceticismo ao que tem se chamado de “recuo estratégico” de Bolsonaro, após a incitação aos atos antidemocráticos realizados no último dia 7 de setembro e as constantes ameaças de golpe constantes em seus discursos proferidos principalmente contra o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Congresso Nacional.

Na avaliação dos senadores, a postura que Bolsonaro tentou transmitir com a carta publicada na tarde desta quinta-feira (9), com o auxílio do ex-presidente Michel Temer, não deve durar muito e seus discursos autoritários devem voltar logo. Assim, o único remédio eficaz contra Bolsonaro e defesa da democracia brasileira é a abertura do processo de impeachment.

“Quem já viu o lobo se transformar em cordeiro de um dia para o outro? Isso aconteceu com Bolsonaro. Bastou assinar uma “Carta ao Brasil” por exigência do mercado, que mandou Michel Temer redigir o manifesto e Bolsonaro assinar”, disse o líder do PT no Senado, Paulo Rocha (PA). “Não vai demorar nem uma semana, se engana quem quer. O lobo vai voltar a atacar a nossa democracia”, advertiu o senador.

O senador Humberto Costa (PT-PE) também acredita que o espírito republicano e de respeito aos demais poderes que Bolsonaro tentou demonstrar na carta é retórica vazia.

“Quantas horas vai durar o espírito pacífico e respeitador das leis de Bolsonaro? Talvez até a próxima live. Quem acredita nas intenções democráticas de Bolsonaro? Para a situação do Brasil só há uma saída segura: o Impeachment do presidente”, destacou.

Na avaliação do senador Rogério Carvalho (PT-SE), a carta de Bolsonaro não se trata de um “recuo estratégico”, mas de uma “covardia anunciada”. Para ele, a forte reação dos demais poderes da República às manifestações golpistas patrocinadas por Bolsonaro e seus apoiadores são mais uma demonstração de força da democracia brasileira e de suas instituições.

O próximo passo, de acordo com o senador, é punir Bolsonaro pelos crimes cometidos.

“A reação do Brasil contra Bolsonaro é a maior expressão de que a nossa democracia é forte e precisa ser respeitada. As instituições precisam permanecer vigilantes aos arroubos antidemocráticos de Bolsonaro que não irão parar. Os crimes de responsabilidade já cometidos não podem passar impunes”, disse o senador.

O discurso golpista de Bolsonaro causou estragos no mercado financeiro. No dia seguinte as manifestações antidemocráticas, o índice Ibovespa chegou ao seu ponto mais baixo ao longo dos últimos 30 dias após os discursos de Bolsonaro no 7 de setembro. A queda ocorreu logo após a abertura da Bolsa de Valores na manhã de quarta: das 10h às 12h, o índice caiu de 117.866,14 para 114.637,90 pontos. Ao final do dia, a Bolsa fechou o pregão em queda de 3,8%. O preço do dólar também apresentou alteração: ao longo do mesmo período, seu preço subiu de R$5,220 para R$5,282. Mas a moeda encerrou o dia com alta de 2,89% a R$ 5,32.

Para o senador Jean Paul Prates (PT-RN), Bolsonaro tem sido o responsável por agravar a crise econômica pela qual o Brasil atravessa com seus discursos autoritários.

“A crise institucional criada por Bolsonaro e aliados afunda de vez a nossa economia. Após o discurso inflamado de ataques aos poderes no dia 7 de setembro, a Bolsa já sentiu os efeitos. O presidente só tem gerado instabilidade, insegurança jurídica e afugenta investidores”, apontou Jean Paul.

Fonte: PT no Senado