As três tendências do segundo turno
O segundo turno das eleições municipais deste ano são uma importante oportunidade para impor mais derrotas ao bolsonarismo. São 57 […]
Publicado 27/11/2020 18:52
O segundo turno das eleições municipais deste ano são uma importante oportunidade para impor mais derrotas ao bolsonarismo. São 57 cidades, sendo 18 capitais, número que corresponde a 60% do total de 95 municípios com mais de 200 mil eleitores, o limite mínimo para uma segunda rodada de votação. Pelo peso eleitoral e econômico, os resultados nesses centros urbanos irão incidir sobre o resultado do primeiro turno, modelando o cômputo geral do pleito.
Nas capitais, sobretudo, se observa três tendências, neste turno, a serem confirmadas ou não nas urnas no domingo. Aprofundamento da derrota da extrema-direita, do bolsonarismo, já ocorrida no primeiro turno; fortalecimento da direita e centro-direita; e avanço da esquerda, se revitalizando, retomando força, depois da forte derrota nas eleições municipais de 2016 e da eleição presidencial de 2018.
Nas cidades do Rio de Janeiro, Fortaleza e Aracaju o bolsonarismo, puro ou híbrido, encaminha-se para uma muito provável derrota. Em Belém e Vitória, as disputas são acirradíssimas, mas em ambas também os partidários de Jair Bolsonaro podem amargar derrotas. À exceção do Rio de Janeiro, onde quem deve vencer é Eduardo Paes, do Democratas, nas demais a esquerda e a centro-esquerda são as forças que estão na disputa. Sarto e Edvaldo, ambos do PDT, na capital cearense e sergipana, respectivamente; Edmilson, do PSOL, em Belém e Coser, do PT, na capital capixaba.
Além da vitória da provável vitória de Paes na cidade do Rio de Janeiro, o Democratas já venceu no primeiro turno em Salvador, Curitiba e Florianópolis. O PSD venceu em Belo Horizonte. O MDB disputa, neste segundo, Porto Alegre, Maceió, Goiânia, Teresina e Boa Vista. O PSDB luta para seguir administrando São Paulo. São dados que, somados aos números do primeiro turno, ilustram o robustecimento da direita e centro-direita.
Na cidade de São Paulo, a disputa mais importante dessas eleições, Guilherme Boulos, do PSOL, apoiado numa frente progressista, de esquerda, segue crescendo neste segundo turno enquanto o e tucano Bruno Covas, da direita e centro-direita, empacou e começa a oscilar para baixo. O resultado está em aberto. E esse quadro de indefinição favorece Boulos e atormenta o prefeito Covas, castigado pelo desgaste de anos de gestão tucana no estado e na capital e, também, pelo efeito corrosivo da rejeição ao governador João Dória.
Na capital pernambucana, o primeiro destaque é que as candidaturas de direita e extrema-direita foram refugadas já no primeiro turno. Há o inusitado confronto que se agudizou, mais do que devia, entre duas candidaturas de esquerda. João Campos, do PSB, e Marília Arraes, do PT. Trata-se, portanto, de duas lideranças do campo progressista.
Todavia, no tabuleiro das forças políticas do estado aparece com nitidez que as forças de direita operam a todo vapor pela derrota de João Campos, tendo em vista a ambição de ocuparem, em 2022, o Palácio das Princesas. Partidos representativos da esquerda, como o PCdoB, cuja presidenta da legenda, Luciana Santos, também é vice-governadora, e o PDT, de Ciro Gomes, apoiam Campos.
Ao lado de Boulos, Manuela D’Ávila, entre as candidaturas em disputa, representa força de renovação da esquerda. Em Porto Alegre, Manuela, do PCdoB, com o apoio, também, de uma frente progressista, enfrenta o candidato Sebastião Melo, do MDB, ancorado num “acordão” da direita e centro-direita, e, também, dos bolsonaristas. A campanha de Manuela se avoluma, cresce, neste segundo turno e as pesquisas indicam que é uma peleja indefinida, onde não se pode dizer quem vencerá quem.
Esse cenário, o comboio conservador e reacionário de Melo padece do desgaste de quem governa há décadas a capital gaúcha, sem cumprir as promessas sempre adiadas, enquanto a campanha Manuela, apoiada da força do povo da periferia abandonada*, na vontade de renovação da juventude e das mulheres, adensa fortemente a possibilidade de Porto Alegre ser governada, pela primeira vez, por uma mulher.
Em São Luís, trava-se uma batalha que revela o quão são renitentes as forças conservadoras e reacionárias. A candidatura de Braide formou uma espécie de condomínio que amontoa expoentes da velha oligarquia maranhense, bolsonaristas assumidos ou camuflados, representantes da direita neoliberal e até um ramo de uma pseudoesquerda local que foi para a cauda desse ajuntamento.
Esse condomínio de Braide enfrenta Duarte Junior, que neste segundo turno tem o apoio do governador Flávio Dino, do PCdoB e outras forças progressistas e democráticas da cidade e do estado. A eleição está indefinida, mas Duarte Junior cresce desde o início do segundo turno, alavancado pelo reconhecimento do povo aos feitos e realizações do governo Flávio Dino. A vitória de Duarte Junior, se conquistada, representará o fortalecimento de uma verdadeira revolução de progresso econômico e social vivida no estado sob a condução do governador do Maranhão.
Além das capitais, há outras importantes cidades nas quais as forças progressistas estão bem posicionadas. Nestes dias e horas decisivas que nos separam das urnas de 29 de novembro, cabe ao eleitorado democrático e progressista, à militância dos partidos democráticos, entre eles os de esquerda, intensificar a mobilização do povo pela derrota do bolsonarismo e pela vitória das candidaturas que compõem o arco da frente ampla, comprometidas com a democracia, a vida, o emprego e os direitos, e por cidades mais humanas e democráticas.