Carnaval contra Temer e em defesa dos direitos

O carnaval é um grande momento de extravasamento dos sentimentos da nação, um termômetro do humor nacional. E, por vezes, vira um grande palco de manifestações políticas. Permite a veemente manifestação do sentimento popular em relação aos governantes, principalmente contra os desmandos autoritários que atacam direitos do povo e dos trabalhadores, privatizam empresas públicas e desmantelam o Estado e a soberania nacional.

O carnaval deste ano foi, com certeza, o mais politizado desde pelo menos a redemocratização de 1985. E o Fora, Temer competiu com as tradicionais marchinhas cantadas em salões, blocos, escolas de samba, na rua de maneira geral, pelo país afora. Foram milhares de adereços (como brincos, broches e tiaras), faixas, camisetas, adesivos, tatuagens provisórias e outras maneiras de manifestar o repúdio do povo ao golpe de 2016 e aos golpistas que passaram a controlar o governo desde então.

O carnaval foi marcado por uma agenda libertária extensa. Contra Temer e os golpistas, e contra o conservadorismo da direita que vitima transsexuais e a comunidade LGBT. E também contra o assédio sexual que ataca e desrespeita as mulheres.

O ponto alto e mais visível desta manifestação de protesto foi transmitido ao vivo na televisão (para constrangimento da TV Globo), na noite do dia domingo (11). Foi o desfile da Escola de Samba Paraíso do Tuiuti, que – ao som do samba enredo Meu Deus, meu Deus, está extinta a escravidão? – denunciou explícita e claramente, aos olhos do mundo, o golpe de 2016 e o ilegítimo Michel Temer, apresentado como o vampiro que suga o povo e o tesouro nacional. Outras doze escolas de samba do Rio de Janeiro, em maior ou menor grau, deram uma conotação política ao carnaval, como a Beija Flor, de Nilópolis, com o samba-enredo Monstro é aquele que não sabe amar. Os Filhos Abandonados da Pátria que os Pariu.

O protesto, veemente e bem humorado, foi a grande marca do carnaval deste ano, em todo o país – além do Rio, as ruas de São Paulo, Recife e Olinda, Salvador, São Luiz, Fortaleza, Belém, Manaus, Belo Horizonte ouviram o clamor pelo Fora Temer, e foram tingidas por frases, enfeites e fantasias que não aceitam a miséria política, econômica e social, imposta ao país pelos golpistas. Esta é a marca que 2018 inscreveu na história do carnaval brasileiro.