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Os tempos e as vontades do comunismo

Em outubro de 2005, no auge da crise política, Aldo Rebelo (PCdoB-SP) chegou à presidência da Câmara dos Deputados. O cronista Luis Fernando Veríssimo escreveu, no jornal O Globo do dia 13 daquele mês, um relato de um encontro, na França, com Annie Coh

Ela fazia perguntas sobre a situação do Brasil e, ao saber que o país de maior população católica do mundo tinha um comunista no comando da Câmara dos Deputados, ela exclamou, relata Veríssimo: “Aaaah…”, num misto de surpresa e pedido de mais detalhes. “Num país menos, assim, brasileiro, um membro de um partido comunista na linha direta de sucessão da Presidência da República seria um dado nada desprezível da situação. Aqui, não significava muito”, disse o cronista, sem dar a Cohen-Solal as explicações pedidas.



Atualmente fora do comando da Câmara, após ter sido o primeiro comunista a ter exercido, interinamente, a Presidência da República, Aldo Rebelo conversou com O POVO e falou sobre as mudanças ocorridas desde o tempo em que o PCdoB ainda abraçava a bandeira da luta armada. E deixa claro que não só o partido mudou.



“Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, dizia Camões. Mudou o Brasil, mudamos nós. O Brasil amadureceu para conviver com um partido como o PCdoB. E o PCdoB amadureceu para conviver com um país com todas as contradições de uma nação como o Brasil”, disse Aldo.



Segundo o deputado federal, o PCdoB pegou em armas quando foi vítima de violência. “O partido lutou para sobreviver. Hoje, o PCdoB tem uma vida legal. Procura lutar por seus ideais dentro dessa vida legal, convivendo e respeitando as outras forças. Se quer ser respeitado, tem de respeitar. Se quer que suas idéias sejam discutidas, tem de discutir as idéias dos outros”.



Aldo acredita que sua passagem pelo comando da Câmara permitiu ao País conhecer o comportamento do PCdoB diante de tamanha responsabilidade, e obrigou o partido a atender a essa responsabilidade.



Fonte: O Povo