Privatização do metrô de SP: Leilão confirma “cartas marcadas”

A CCR venceu a licitação para operar as Linha 5 e 17 do metrô. O leilão da privatização de mais duas linhas do metrô de São Paulo ocorreu nesta sexta-feira (19) após o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) cassar a liminar obtida pelos metroviários e bancada do PSOL suspendendo a licitação. “É uma irresponsabilidade privatizar a linha 5, que é estratégica para a população”, criticou Wagner Fajardo, diretor do Sindicato dos Metroviários em entrevista ao Portal Vermelho.

Por Railídia Carvalho

Ato dos metroviários de SP contra a privatização do metrô linas 5 e 17 janeiro de 2018 - Reprodução do facebook

“A linha 5 é integradora, estratégica para o sistema de transporte. Entregar para o capital privado é uma irresponsabilidade na nossa opinião. Integra toda a região sul da cidade com o restante da capital. Integra as linhas 1 e 2, a CPTM, ou seja, supre uma necessidade da população. O capital privado visa o lucro e não a prestação de serviços, portanto, a população pode ter prejuízos neste sentido. Se não tiver nenhum interesse da concessionária faz como a linha 4 (amarela, que é privatizada) para de funcionar no final de semana”, esclareceu Fajardo.

Os metroviários também criticaram o argumento do desembargador que suspendeu a liminar. Notícia no portal do Sindicato dos Metroviários considerou “estranha” a sustentação da sentença que diz “A paralisação do certame provocará o retardamento do procedimento licitatório e, por conseguinte, da entrega da operação comercial, em detrimento da expectativa de expansão do serviço público de transporte metroviário à população”.

Segundo a entidade, “Como todos sabemos, a linha está em funcionamento e, na prática, a privatização só vai transferir a responsabilidade de administrar a operação do sistema, sem nenhum tipo de interrupção”. O recurso jurídico dos metroviários contra o leilão realizado nesta sexta-feira ainda será julgado em definitivo. “Não acabou o processo com a decisão do TJ”, explicou Fajardo.

O programa de privatização do metrô implementado pelo Governo do Estado resiste a problemas na justiça, caso da Linha 5, e até abandono de obra por empreiteira contratada, ocorrido na linha 17. Sem falar no atraso das obras que poderá fazer com que o governo do Estado arque com o pagamento para as concessionárias se a obra não for entregue.

“A privatização é um processo viciado, direcionado e acima de tudo um processo que vai reduzir a qualidade do serviço prestado à população”, declarou Wagner Fajardo ao Portal Vermelho durante a greve realizada nesta quinta-feira (18). Os metroviários anteciparam que a CCR venceria a concessão, o que de fato aconteceu. Em 2010 a Folha de S.Paulo antecipou os nomes dos vencedores da licitação que ocorreria em 6 meses para a privatização da Linha 5. O caso continua na Justiça.

Fajardo ressaltou ao Portal Vermelho que as regras da concessão foram feitas para a CCR vencer o leilão. Ao lado do grupo RuaInvest, a CCR integra o consórcio que venceu o leilão e opera a linha 4 Amarela do metrô, entre outros projetos de mobilidade no Estado. "A linha amarela é uma das que mais apresenta falhas no metrô de São Paulo", reiterou Fajardo.

O dirigente também alertou: “A intenção do Governo é dar invisibilidade para a privatização. Essa é a disputa que fazemos com eles porque na nossa opinião entregar ao capital privado é privatizar. Eles não assumem porque sabem que a privatização está queimada e é rechaçada pela população”.