Globo diz que tiros contra Lula e ameaça a Fachin 'atingem a democracia'

A escalada de ódio insuflada pela grande mídia agora se tornou alvo de preocupação. Em editorial publicado nesta quarta-feira (28), o jornal O Globo, da família Marinho, tenta relativizar o atentado contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que teve o ônibus de sua caravana alvejado por tiros, às ameaças que o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin disse estar sofrendo.

Por Dayane Santos

Editorial Globo sobre atentado Lula - Reprodução

O editorial inicia com uma defesa da intervenção militar na segurança pública fluminense, ao afirmar que "se a violência no Rio chega a requerer a intervenção federal", portanto, "nada resta a não ser enfrentá-la por todos os meios legais e, tanto quanto isso, impedir que se alastre pelo tecido social".

A família Marinho diz que considera "preocupante e potencialmente muito perigosa" o que chamou de "coincidência de ser este um momento também de paixões político-partidárias e ideológicas", quando se aproxima das eleições de outubro em que o cenário é de fragmentação de candidatos.

Depois de chamar de "coincidência", o editorial segue afirmando que os tiros na caravana de Lula no Sul e ameaças à família do ministro do Supremo Edson Fachin ", são atos repulsivos, antidemocráticos". Mas faz questão de incluir no texto que Fachin é "relator na Corte de processos da Lava-Jato, entre eles um em que o ex-presidente está condenado já em duas instâncias". Coincidência?

"Protestar é parte do jogo democrático", diz o jornal. "Jogar pedras, um crime. Atirar, ameaçar de violência extrema, inaceitável", acrescentou.

A família Marinho diz que é preciso uma "rápida e incisiva investigação" e lembra que o Brasil viveu boa parcela de seu período republicano "sob governos autoritários". Diferentemente da referência que fez sobre Lula, O Globo não acrescentou ao texto que no período dos governos autoritário, ela ajudou a mantê-los no poder, perseguindo, torturando e matando.

"Mas já completa 30 anos no estado democrático de direito, cuja pedra fundamental é a Constituição de 88. Estas três décadas são o mais extenso ciclo de equilíbrio institucional da democracia representativa no país", enfatiza o artigo.

E conclui: "O Brasil tem passado por campanhas disputadas, mas dentro dos marcos legais. Nos desvios, as instituições atuam e restabelecem a legalidade. Inaceitável será que haja algum acidente nesta trajetória, por descaso da sociedade e do próprio Estado".