Manifestantes são agredidos por ordem de Aécio

O governador de Minas Gerais e candidato à reeleição, Aécio Neves (PSDB), recorreu à truculência para intimidar movimentos de cunho popular. Nesta segunda-feira (03/04), policiais militares, sob ordens do governo, reprimiram com violência participantes do

O cenário de guerra começou pela manhã, quando milhares de policiais já estavam a postos, prontos para conter qualquer manifestação. Militantes do MST e do MAB planejavam uma passeata pacífica até o Palácio das Artes, sede da assembléia anual do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento). A polícia, no entanto, impediu a passagem dos movimentos, que, em protesto, decidiram ocupar a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig). Enquanto lideranças comunitárias discursavam do carro de som, a reação truculenta teve início, com tiros de borracha, cacetetes e bombas de gás lacrimogêneo. Para intimidar ainda mais, helicópteros da polícia fizeram vôos rasantes sobre a multidão. Aécio também ordenou retaliação severa a professores organizados na Praça Sete.

 

Histórico – A tensão em Belo Horizonte é cada vez mais intensa. Na quinta-feira passada (30/03), dez representantes de movimentos sociais iniciaram jejum, à frente do Palácio da Liberdade, sede do governo mineiro. O Executivo local havia se recusado a ceder espaços públicos para abrigar o Encontro, que começou no dia 1º e se encerra nesta terça-feira. Dois outros eventos ocorrem simultaneamente: as reuniões da Assembléia de Governadores do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e da Assembléia de Governadores da Corporação Interamericana de Investimentos.

 

A concomitância das datas não é causal. Segundo os movimentos sociais mineiros, é preciso “promover a reflexão e protestar contra os impactos que o BID traz para as populações dos países da América Latina e Caribe”. A isso se somou a revolta contra as abusivas tarifas de energia elétrica em Minas Gerais. O MAB organizou, no sábado, a Marcha “Água e energia para a soberania do povo brasileiro”, um dos vários atos que lotaram a Praça Sete. De lá o grupo foi até a Praça da Liberdade, juntar-se aos grevistas. Os primeiros três confrontos aconteceram entre um local e o outro.

 

A escalada autoritária de Aécio tem alegação inaceitável: o governo não quer que as manifestações passem uma imagem negativa de Minas Gerais — ainda que os atos sejam populares, ou seja, representam a luta e a vontade do próprio povo mineiro e do estado. Apesar da hostilidade e do terror, os movimentos prometem novas manifestações para hoje.