Delcidio passa o rolo compressor e CPI aprova relatório de Serraglio

Sob protestos de parlamentares do PT foi aprovado nesta quarta-feira o relatório do deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR) para a CPMI dos Correios. Com a aprovação do relatório, por 17 votos a 4, o presidente da comissão, senador Delcídi

O relatório do deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR) foi aprovado pela CPI dos Correios com 17 votos favoráveis e 4 contrários em sessão tumultuada que durou pouco menos de 30 minutos de duração.  11 parlamentares recusaram-se a participar da votação, que corre o risco de ser anulada por ter desrespeitado o regimento da Comissão.

Os petistas ficaram descontentes com a manutenção dos principais pontos do relatório, como a existência do "mensalão" e os indiciamentos por corrupção ativa dos ex-ministros José Dirceu e Luiz Gushiken.

Nenhum das principais sugestões de mudança apresentadas pelos petistas foi acatada pelo relator. Poucas mudanças propostas pelos oposicionistas foram aceitas.

A manutenção do texto é resultado de uma tentativa frustrada de negociação entre governistas e oposicionistas para um texto consensual. Além disso, a decisão do presidente da comissão de acelerar o processo de votação impediu qualquer discussão sobre o texto.
Horas antes da votação, uma Comissão definida ontem tentava chegar a um entendimento sobre as mudanças que deveriam ser feitas no relatório. Segundo o deputado petista José Eduardo Cardozo (SP), que participava da Comissão, as negociações estavam caminhando, mas a oposição decidiu romper o diálogo unilateralmente. Os governistas acreditam que assim que a oposição foi informada que teria votos suficientes para aprovar o relatório, resolveu romper o diálogo e apostar na votação do documento. A tática deu certo e a aprovação do relatório, que tinha tudo para ser uma vitória do governo já que o documento isenta o presidente Lula de qualquer responsabilidade, acabou se transformando numa vitória da oposição.

A rapidez na votação irritou os petistas que queriam discutir as mudanças feitas pelo relator. O deputado Jorge Bittar (PT-RJ) pediu a palavra para discutir as propostas, mas não pode se pronunciar.

O deputado chegou a ir à Mesa da CPI e teria chamado o presidente da comissão, senador Delcídio Amaral (PT-MS) de canalha. Com dedo apontado para o rosto de Delcídio, contestou os procedimentos da votação.

Bittar chegou a ser empurrado ao final da sessão e disse que pode recorrer da decisão na Mesa do Senado. "O que vimos foi um presidente que passou um rolo compressor", afirmou.

O líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), afirmou que recorrerá da votação. Ele quer que a comissão continue o processo de votação para a análise dos votos em separado.

Mudanças

Entre as mudanças aceitas pelo relator está a retirada do pedido de indiciamento do vice-governador de Minas Gerais, Clésio Andrade, do ex-secretário-executivo do Ministério da Integração Nacional Márcio Lacerda, do ex-presidente do banco do Brasil Cássio Casseb, do atual presidente dos Correios, Janio Cezar Luiz Pohren. Outros nomes, na maioria de técnicos, também tiveram os nomes retirados do pedido de indiciamento.

As demais alterações, de acordo com Serraglio, foram de caráter técnico e para corrigir imprecisões do texto apresentado na semana passada.

”Eu tentei negociar. Fiquei à disposição na expectativa de que pudéssemos construir um relatório só", afirmou Serraglio. "Não tínhamos como recuar. Tínhamos um compromisso com a Nação”, acrescentou.

Votos

O relatório foi aprovado sem que a maior parte dos parlamentares do PMDB se pronunciasse. Havia a determinação da bancada para votar com o relatório, mas a bancada não se manifestou na votação.

Da base governista, votaram com o relator os deputados Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP) e Asdrúbal Bentes (PMDB-PA). Os quatro votos contrários ao relatório foram de Carlos Abicalil (PT-MT), Siba Machado (PT-AC), Aelton Freitas (PL-MG) e Ana Júlia Carepa (PT-PA).

Da redação
com informações das agências