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Serraglio admite que poupou acusados a pedido do PFL

A suspeita levantada por integrantes da base do governo se confirmaram: o relator da CPI dos Correios, Osmar Serraglio (PMDB-PR), vendeu-se à pressão política —não se sabe a que preço— e fez alteraç&otil

O relator da CPI dos Correios, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), admitiu ontem (6/4) que realizou alterações de última hora no texto final da comissão, atendendo a solicitações de políticos – entre eles membros do PFL. Pouco antes de o relatório ser aprovado, Serraglio apresentou 35 mudanças, as quais incluem a retirada de pedidos de indiciamento contra pelo menos uma dezena de pessoas envolvidas em denúncias de irregularidades em franquias dos Correios. Parlamentares do PT afirmam que, com isso, negócios de aproximadamente R$ 1 bilhão ficaram sem investigação. O partido vai apresentar outro relatório "alternativo", a ser enviado ao Ministério Público junto com o texto original na próxima segunda-feira.

"São casos que provocaram prejuízos de pelo menos R$ 1 bilhão aos cofres públicos", disse a senadora Ideli Salvatti (PT-SC).

Apesar de admitir as alterações – o relator confirmou que, a pedido do PFL, suprimiu os nomes de Armando Ferreira da Cunha e o do ex-deputado João Leite Neto, ligados às franquias -, Serraglio reagiu negando a existência da cifra de R$ 1 bilhão, garantindo que "nada foi encoberto". O texto de Serraglio pedirá o indiciamento de cerca de 100 pessoas por envolvimento no suposto esquema do "mensalão".

Além desses franqueados, Serraglio ainda sacou os nomes do ex-governador de Minas Gerais Clésio Andrade (PFL), a pedido do PT, segundo o relator, e do ex-presidente do Banco do Brasil Cássio Casseb – pois o crime estaria prescrito. Atendendo a pressões do PT, o relator incluiu o banqueiro Daniel Dantas e de outros dirigentes do Opportunity no texto.

Serraglio ainda afirmou que o relatório "paralelo" montado pelo PT – e rejeitado na votação do texto pela oposição na última quarta-feira – poupava de qualquer investigação o fundo de pensão da Companhia Estadual de Água e Abastecimento (Cedae) do Rio – a Prece.

"Nós não escondemos a Prece no nosso relatório. Era um dos fundos mais comprometidos em irregularidades e eles o excluíram do relatório paralelo", alfinetou Serraglio, sugerindo que o R$ 1 bilhão mencionado por petistas deve estar relacionado às supostas irregularidades na Prece.

Osmar Serraglio, no entanto, não quis informar qual representante do PFL solicitou a retirada dos nomes de Ferreira da Cunha e João Leite Neto, ligados à franquia Tamboré dos Correios (o "solicitante" seria o deputado Onyx Lorenzoni, do PFL-RS). De acordo com o relator, a mudança visou a evitar uma "visão concentrada" em cima de uma única franquia.

Lista sigilosa com mais nomes

A polêmica passa também pelo envio de uma lista sigilosa, ao Ministério Público Federal (MPF), de assessores parlamentares que também fizeram saques das contas do publicitário Marcos Valério – considerado operador do "mensalão". A relação teria algo entre 50 e 60 nomes.

O presidente da CPI, senador Delcídio Amaral (PT-MS), também se pronunciou sobre a polêmica. O senador afirmou que seguiu o regimento interno na votação e acusou os colegas de partido de tentar fazer com que a CPI acabasse sem relatório final. 

Fonte: Portal Terra