Publicado 10/04/2006 20:33
O deputado comunista relata que o ciclo de negociações incluiu também dois almoços com os deputados estaduais Cândido Vacarezza e Fausto Figueira, ambos do PT. Estes estimularam a aceitação a proposta, com duas ordens de argumentos.
Primeiro, uma chapa com esta composição criaria um segundo palanque para Lula no Estado de São Paulo, afora o do PT, a ser ocupado pela ex-prefeita Marta Suplicy ou pelo senador Aloizion Mercadante — interrogação a ser resolvida no mês que vem, em prévia estadual petista. Segundo, ajudaria a forçar o segundo turno, numa eleição em que o ex-prefeito José Serra, do PSDB, aparece hoje nas pesquisas como franco favorito.
O fator cláusula de barreira
Afora isso, surge ainda uma terceira ordem de argumentos: parte do PT paulista e dos seus eleitores faria restrições ao comportamento do senador petista Eduardo Suplicy, cuja cadeira está em disputa nesta eleição, e que tem perfilado com a oposição tucano-pefelista em certas votações em Brasília; esse segmento poderia manifestar seu descontentamento votando em outro candidato de esquerda ao Senado, no caso Aldo Rebelo.
Contra a chapa, pesa a necessidade do PCdoB enfrentar nesta eleição a dupla cláusula de barreira imposta pela lei eleitoral vigente: para manter o seu funcionamento parlamentar, ele precisa superar 5% dos votos válidos para deputado federal, em todo o país, e 2% em pelo menos nove Estados. Aldo alcançou grande visibilidade como presidente da Câmara, e ajudou a Casa a superar os tempos críticos de Severino Cavalcanti (PP-PE). Tende portanto a ser reeleito com uma votação expressiva, particularmente necessária no momento em que o PCdoB recisa reforçar a sua "cesta de votos" para deputado federal, os únicos que contam para superar as barreiras de 2006.