Felício fala do 1º de Maio e condena orquestração para tornar o país ingovernável

Em entrevista ao Portal do Mundo do Trabalho (www.cut.org.br), o presidente nacional da CUT, João Antonio Felício, defendeu que as comemorações do 1º de Maio deste ano devam ter a marca da unidade com as c

“Devemos marcar posição por menos juros e mais empregos”, sublinhou João Antonio Felício, frisando que, ao mesmo tempo em que a CUT explicita suas divergências com aspectos da política econômica, condena de forma enérgica “a orquestração da direita, saudosa das políticas neoliberais que, diante da derrota iminente nas urnas, tenta tornar o país ingovernável”.

Leia a entrevista:

O que representa o 1º de Maio?
 
Creio que é um momento de marcação de posição, onde a classe trabalhadora dá o seu grito de revolta diante da opressão e das mazelas impostas pelo capitalismo. É um dia de luta e mobilização por emprego, salário e direitos. É uma data referência no mundo em defesa do desenvolvimento e contra as injustiças sociais.
 
E as grandes festas?
 
Isso não significa que por ser uma data de reivindicação, não possa combinar com atividades culturais. A interação com a arte é algo importante, pois é uma forma de sair do discurso sisudo, fechado, estabelecendo uma relação mais estreita com as pessoas através da cultura. Meu sonho é fazer um 1º de Maio que incorpore todas a riqueza da diversidade de experiências culturais dos povos que formaram a nação brasileira. Espero um dia que a CUT assuma esta idéia.
 
Diante do atual momento político, quais são as bandeiras que tomam a frente?
 
Na questão conjuntural, não temos nenhum receio de afirmar o que representou a vitória do governo Lula em termos de avanço da democracia no Brasil e na América Latina. Assim, teremos um 1º de Maio atípico, onde os trabalhadores vão às ruas denunciar qualquer perspectiva de retrocesso ou golpe no Continente, como as recentes tentativas de derrubada do presidente Chávez na Venezuela ou da tentativa de desestabilização do presidente Lula. Os trabalhadores e a sociedade latino-americana têm afirmado o seu compromisso com o fortalecimento da justiça social, da democracia e da integração soberana, e o repúdio às imposições dos organismos internacionais e suas políticas neoliberais de desmonte do Estado.
 
E a questão dos juros e do superávit primário?
 
As políticas que têm sido implementadas pelo governo Lula nas áreas sociais têm representado um enorme avanço diante do retrocesso imposto ao país pelo tucanato. Isso é inegável. Se compararmos 100 itens, o PSDB-PFL perdem em todos, o desgoverno FHC foi um desastre. Nossas divergências concentram-se em aspectos da política econômica, particularmente as altas taxas de juros e o elevado superávit primário, que drenam recursos importantes que poderiam ser injetados no desenvolvimento do país, na educação e saúde, no fortalecimento da nossa infra-estrutura, acelerando a geração de emprego e renda. Ao mesmo tempo em que fazemos esta crítica, condenamos energicamente a orquestração da direita, saudosa das políticas neoliberais, que, diante da derrota iminente nas urnas, tenta tornar o país ingovernável, inclusive atrasando a votação do Orçamento da União.
 
Quais as expectativas para este ano?

Em primeiro lugar, mobilizar para reeleger Lula, construindo a necessária unidade dos movimentos sociais. Teremos em junho o 9º Congresso Nacional da CUT, onde vamos aprofundar a reflexão estratégica com o mais amplo e profundo debate com o conjunto das representações dos Estados e ramos. Esse momento também possibilita que entremos com força nas campanhas salariais, jogando pesado na mobilização das bases e na organização por local de trabalho. Acredito que todo esse acúmulo pavimenta o caminho do desenvolvimento autocentrado, com base no nosso mercado interno, fortalecendo a renda e a geração de empregos.