Lula salvou Petrobras de esfacelamento tucano

O governo Lula interrompeu um processo de esfacelamento que estava sendo preparado pelos tucanos para vender a Petrobras, de acordo com o presidente da estatal, José Sérgio Gabrielli. A companhia, segundo ele, estava pronta para ser repartid

Por Osvaldo Bertolino
Privatizada, a Petrobras não teria alcançado, hoje, a auto-suficiência em petróleo, na sua avaliação. A empresa deixaria de lado um projeto nacional para atender a anseios da iniciativa privada. "A Petrobras estava sendo dividida em partes, estava em processo de esfacelamento. Eu acho que a empresa teria sido vendida se nós não tivéssemos interrompido esse processo", disse ele em entrevista ao jornal Gazeta Mercantil. Sem a prioridade de ser independente em petróleo, a Petrobras não teria investido tanto em exploração e produção, segundo Gabrielli. Sem falar nos preços internos, que estariam nas alturas acompanhando o mercado externo.
A Petrobras só alcançou tantos resultados (auto-suficiência em petróleo) porque não foi parar no "balcão das privatizações", destacou Gabrielli. "Este resultado foi obtido pelo trabalho, talento e luta do povo brasileiro, que nunca aceitou que se colocasse o nome da Petrobras no balcão das privatizações, que tiraram das mãos da União grandes empresas estratégicas para o nosso país", disse. Gabrielli afirmou que a auto-suficiência em petróleo deve ser comparada no exterior ao sucesso do futebol brasileiro. Artigo de luxo, o petróleo agora deixa de afundar a balança comercial. Pelo contrário, neste ano a Petrobras terá um superávit de US$ 3 bilhões, sem contar com a exportação de empresas privadas que já começaram a produzir petróleo no Brasil, como a Shell.
A plataforma p-50 (que está garantindo a auto-suficiência) começou a funcionar sexta-feira sob as mãos do presidente Lula. A embarcação tem capacidade para produzir 180 mil barris de petróleo por dia, mas começou a explorar apenas um poço, com alcance de 20 mil barris diários. O diretor de Exploração e Produção, Guilherme Estrella, afirmou que até maio a Petrobras estará produzindo a diferença entre o que produz e o que consome por meio da P-50. Até o próximo mês, vários poços estarão funcionando, com mais produção que os 70 mil barris de petróleo que faltam para dar respaldo técnico à auto- suficiência.
Sensação
A independência no produto mais valioso do mundo orgulha brasileiros, agracia consumidores e ainda renderá US$ 3 bilhões de superávit na balança comercial da Petrobras neste ano. "Eu não preciso do petróleo mundial", festeja Gabrielli. "Qualquer coisa que ameace a produção futura afeta o preço de hoje (no mercado internacional). É nesse contexto que a auto-suficiência é fantástica. Se o Irã tiver um problema, o fornecimento estará garantido", afirmou. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que além de alcançar a auto-suficiência na produção de petróleo, a Petrobras é uma fonte de conhecimento para o país. "A Petrobras é uma empresa de formação e produção de conhecimento porque poucas empresas no mundo têm grau de competência de seu pessoal que tem a Petrobras. Agora, muito mais orgulho porque a auto-suficiência significa que somos donos do nosso nariz", disse ele na edição de segunda-feira (24) do programa semanal de rádio Café com o Presidente.
Lula falou sobre a sensação de presenciar essa conquista da estatal. "Eu acredito que ser brasileiro, conhecer a história da Petrobras e viver o 21 abril de 2006 como eu vivi, eu acho que é uma dádiva de Deus", afirmou. O presidente lembrou as críticas que a estatal enfrentou no decorrer de sua história. "Eu sei que a Petrobras desde 1953, com o decreto de Getúlio Vargas, foi vítima de críticas daqueles pessimistas que gostam de criticar tudo, daquele mesmo que disse que a Petrobras não ia dar certo, daquele mesmo que disse que o Ronaldinho nunca mais ia voltar a jogar bola depois que ele machucou o joelho, daquele mesmo que dizia que o Zico não podia ser jogador de futebol porque era franzino. Esses pessimistas são vencidos com a realidade", disse. Lula destacou que a P-50 terá capacidade de armazenar o petróleo produzido diariamente no país.

 
Boa maré
Lula falou também do crescimento na produção de novas energias menos poluentes e de biodiesel. O presidente afirmou que esse setor será uma importante ferramenta para transformar o país em potência econômica. "Nós estamos produzindo energia do vento. Nós estamos construindo o biodiesel, fortalecendo o Proálcool porque nós achamos que o mundo caminha para o desenvolvimento de energias renováveis, de energias menos poluentes. E nisso o Brasil é imbatível. Nós vamos nos transformar em uma grande potência econômica. Essa grande potência econômica passa por sermos uma potência no campo da energia", disse Lula.
A boa maré da Petrobras também garante à estatal reforçar seus projetos no exterior. A companhia anunciou que elevará a US$ 90 milhões o orçamento para a exploração de petróleo na Colômbia, quatro vezes o valor previsto inicialmente, revelou o presidente da companhia no país andino, Dirceu Abrahão. Segundo ele, a Petrobras – terceira produtora privada na Colômbia com cerca de 49.000 barris por dia – pretende inverter a curva de produção de cru no país e evitar a importação. "Esta curva vai mudar se houver novas descobertas e, por isso, a Petrobras tem um programa de exploração muito mais agressivo", explicou ao jornal econômico Portafolio de Bogotá. Para isso, multiplicou "por quatro o volume de investimentos previstos para a exploração, ou seja a quase US$ 90 milhões".

 
Investimentos

Abrahão lembrou que, além de entrar no mercado distribuidor de gasolina na Colômbia com a compra dos postos de gasolina da Shell, a Petrobras pretende fechar contrato para a ampliação da refinaria do porto caribenho de Cartagena, que prevê investimentos de até US$ 1,4 bilhão. Ele explicou que os "projetos de exploração são muito arriscados, por isso, a empresa está se associando a outras companhias". "Além da estatal Empresa Colombiana de Petróleos (Ecopetrol), que é nosso sócio estratégico na Colômbia, temos como sócio a Exxon que nos acompanha na exploração no Tayrona", disse Abrahão. "No campo Terra Begra, há parceria com a companhia dinamarquesa Maersk", acrescentou.
Abrahão disse ainda que os investimentos da Petrobras e seus sócios superam os US$ 200 milhões. Em 2005, a produção de petróleo na Colômbia caiu 0,40% em relação a 2004, passando de 528.290 a 526.162 barris diários. Mas a produção em novos campos cresceu de 979 barris por dia em 2004 a 2.534 em 2005, segundo dados da Ecopetrol. O governo colombiano investirá em 2006 a cifra recorde de US$ 160 milhões na exploração de petróleo. Em 2005, este investimento foi de US$ 100 milhões.

Com agências