Governo quer capital estrangeiro para biocombustível

O ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, afirmou em Washington um programa para atrair investimentos estrangeiros no setor de produção de álcool combustível.

Rodrigues disse, durante um seminário realizado no Banco Mundial, que o governo brasileiro estuda a criação de "programas agroenergéticos integrados", que estariam dispostos a receber o capital estrangeiro. Os programas permitiriam aos brasileiros manter a propriedade da terra. Só a produção industrial seria controlada pelos estrangeiros. O etanol, obtido a partir da cana-de-açúcar, é cada vez mais popular, mesmo nos Estados Unidos (onde é produzido com base no milho), por ser menos poluente que a gasolina e muito mais barato.
Os produtores garantem que, para o etanol ser competitivo, o barril de petróleo deve estar no mínimo entre US$ 35 e 40. A cotação atual já superou o nível dos US$ 70, daí o crescente interesse em fontes alternativas. "Estamos incentivando um projeto que não exija a compra da terra", disse Rodrigues. Ele pretende envolver os proprietários num "programa integrado, no qual a produção de álcool seja promovida pelo setor industrial, seja nacional ou estrangeiro".
Os programas ainda estão em discussão. Em princípio, os investidores poderiam assinar contratos de até 20 anos. Rodrigues defende para as plantações de até 50 mil hectares um sistema auto-sustentável. Um quinto das terras cultiváveis seriam renovadas a cada ano com culturas como a soja. A soja pode ser aproveitada para a produção de biodiesel, que seria utilizado nos equipamentos necessários para a produção de etanol. Outra opção seria fazer farinha de soja para alimentar porcos, com o aproveitamento do esterco como adubo.
Bush
Além disso, o ministro calcula que 10% das terras não seriam cultiváveis. A área serviria para o plantio de árvores, fonte de carvão vegetal. Para ele, o Brasil vai precisar aumentar em 2 milhões de hectares as plantações de cana-de-açúcar na próxima década para atender ao aumento da demanda. A expansão custaria US$ 3 bilhões só na parte agrícola, disse Rodrigues. Para o desenvolvimento da produção industrial, os cálculos são de um custo duas vezes maior. Daí a importância de atrair investimentos estrangeiros para o setor.
Rodrigues apontou a transferência de tecnologia como maior interesse do Brasil. A idéia "transferir a tecnologia para países vizinhos, que são produtores de etanol", disse. O ministro descreveu como "uma loucura" a dependência de um produto como o petróleo, "que vai acabar algum dia". Para ele, os biocombustíveis são uma alternativa. Atualmente, 70% dos veículos brasileiros podem funcionar tanto com gasolina quanto com álcool. O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, também defendeu os biocombustíveis. Ele disse que o seu governo promove a pesquisa sobre fontes alternativas de energia, como o etanol, que disse ser "bom para o meio ambiente".
Com agências