Emir Sader: Um dia sem os trabalhadores

Por Emir Sader*

A convocação a uma greve geral para o 1º de Maio dos EUA, em defesa da inclusão de trabalhadores mexicanos e de outras nacionalidades, promete ser a maior manifestaç&atilde

Embora a data do 1º de Maio – Dia dos Trabalhadores e não do Trabalho, como os não-trabalhadores insistem em chamar – tenha sua origem na luta sangrenta e heróica dos trabalhadores estadunidenses, mais especialmente em Chicago, pela redução da jornada de trabalho e por outras reivindicações que diminuíssem a super-exploração dos trabalhadores, nos EUA não é feriado. As comemorações foram transferidas para outro dia, que não recorde a brutal repressão que recaiu sobre o movimento operário norte-americano.

Ainda assim, neste primeiro de maio, a data pode entrar para o calendário da luta dos trabalhadores nos EUA. A convocação a uma greve geral – “Um dia sem os imigrantes” – que ultrapassa a fronteira – e o seu muro –, para incluir os trabalhadores mexicanos e de outras nacionalidades, promete ser a maior manifestação da história da classe trabalhadora, incluindo grande parte dos 12 milhões de trabalhadores sem documentação nos EUA. Nas últimas semanas, manifestações nas principais cidades do país em que se concentram esses trabalhadores viram mobilizações de 500 mil em Los Angeles, de 300 mil em Chicago, de 100 mil em Nova York, de 50 mil em Denver, de 30 mil em Washington.

Agora se trata de parar o trabalho e de boicotar o comércio, para fazer sentir o peso – como trabalhadores e como consumidores – que essa enorme franja de imigrantes têm nos EUA. Eles conseguem empregos precários, são super-explorados, discriminados e perseguidos. Sem autorização para trabalhar, são contratados com remunerações claramente inferiores às dos trabalhadores norte-americanos e às de seus conterrâneos que possuem documentação.

Conforme transfere parte importante do seu parque industrial para o exterior, para explorar mão-de-obra mais barata – no México, no Paquistão, na China, na Índia, na Indonésia, entre outros países –, a economia estadunidense se torna cada vez mais uma economia de serviços, em que a força de trabalho imigrante tem um peso determinante. Estes setores se verão diretamente afetados pelas mobilizações deste 1º de Maio.

Além disso, o marco de movimento supra-nacional, com participarão trabalhadores mexicanos e de outros países, é um elemento novo e de grande potencial. A realização de um Fórum das Américas no México, no marco do Fórum Social Mundial, seria um instrumento fundamental para dar projeção a esse movimento e integrá-lo na luta pela construção de uma outra América possível.