UNE rebate matéria vergonhosa da “Folha de S.Paulo”

A União Nacional dos Estudantes (UNE) não se calou diante da agressiva e caluniosa reportagem “União repassou R$ 60 mi a entidades pró-Lula”, publicada na edição de domingo (30/04) da Folha de S.Pau

Numa tentativa desqualificar setores democráticos e progressistas que apóiam Lula, o jornal da família Frias sugere que os movimentos têm uma dívida moral com o presidente. Já no primeiro parágrafo, lembra que “entidades de trabalhadores, sem-terra e estudantes” estão “mobilizadas para reagir a um eventual pedido de impeachment de Luiz Inácio Lula da Silva”. Absolutamente descontextualizada e nefasta, a reportagem omite que Lula e os movimentos citados traçam uma agenda comum de lutas há mais de 20 anos, antes mesmo de a presidência da República ser ocupada pelo ex-operário, cuja liderança brotou nos seio do povo. A matéria também omite que as entidades jamais deixaram de apontar críticas, por exemplo, à política macroeconômica do governo federal.

Encarregada da acusação leviana, a repórter Marta Salomon demonstra, em sua subserviência, que a grande imprensa está bem servida de profissionais dispostos a desestabilizar Lula e seus apoiadores. “O destempero deste tipo de agressão nos faz lembrar aqueles momentos polarizados da história brasileira, em que as forças mais conservadoras buscaram minimizar a voz dos estudantes e dos trabalhadores, atacando suas entidades representativas”, afirmou Gustavo Petta, presidente da UNE.

Na segunda-feira (1º), por meio de seu assessor de Comunicação, Vinicius Resende, a UNE divulgou carta em que rebate as acusações. O texto foi publicado no “Painel do Leitor”, à página 3 da Folha. Com coragem e seriedade, a entidade mais representativa da juventude brasileira denuncia as reais intenções da reportagem. Confira a íntegra da carta.

Movimentos sociais
Para defender seu posicionamento pró-impeachment, a Folha flerta com a irresponsabilidade na tentativa sistemática de desqualificar e desconstruir a opinião da UNE, do MST e da CUT -realmente contrárias a do jornal. É o caso de nos perguntarmos até quando serão omitidos da opinião pública os reais interesses que dão o tom do noticiário acusatório contra os movimentos sociais?

De forma requentada, a matéria “União repassou R$ 60 mi a entidades pró-Lula” (Brasil, 30/05) chama atenção para o fato de que a UNE recebeu R$ 770 mil em julho de 2005. Na ânsia de sugerir a compra de nossas consciências, tortura-se os números e recorre-se à desinformação atribuindo genericamente a quantia ao financiamento de “atividades culturais”. A Folha simplesmente omite a informação indispensável de que tais recursos são oriundos de um edital público, cuja lisura é atestada por inúmeros mecanismos de controle, inclusive pelo Tribunal de Contas da União. Tratam-se de recursos do programa Pontos de Cultura, um dos principais projetos do Ministério da Cultura, que beneficia milhares de pessoas por meio de convênios com cerca de 440 entidades e ONGs que possuem trabalhos culturais de estímulo às manifestações populares em todo país, entre elas a UNE.

A matéria contrasta os recursos do edital público com os recebidos durante o governo FHC. Ocorre que este programa simplesmente inexistia durante o governo anterior, abrindo espaço para a manipulação da comparação e a criação forçada de uma situação suspeita.

Portanto, é somente em respeito aos leitores que reiteramos nossa posição de absoluta independência diante do governo Lula ou de qualquer outro governo.

Vinicius Resende, assessor de comunicação da UNE (União Nacional dos Estudantil)