Jayme Ramos: “O grande desafio da CUT será as eleições”

Nos dias 19, 20 e 21 de maio, a CUT/RJ realizará seu 12º Congresso, que elegerá uma nova diretoria. Nesta entrevista ao Alerta Rio, o atual presidente da entidade, Jayme Ramos, faz um balanço do seu mandato, os desafios da próxima gest&at

Alerta Rio – Que avaliação você faz do seu mandato e as principais lutas nesse período?

Jayme Ramos – Um dos aspectos positivos do nosso mandato foi que conseguimos ter alguns temas do estado do Rio de Janeiro como alvo da CUT. Construímos o Fórum do Setor Naval com o envolvimento dos sindicatos dos Metalúrgicos, dos Petroleiros e da Contimaf (marítimos), sendo que este último não é filiado à CUT. Com o edital da Transpetro foi possível soerguer o setor naval no Estado, um dos principais setores econômicos do Rio de Janeiro. Mas a nossa visão é de que o Rio de Janeiro não fique limitado a questão petrolífera, mas também a demanda para outras finalidades como a geração de energia alternativa, entre elas o álcool.

 
Outro aspecto positivo de luta desenvolvido pela CUT foi pautar o processo sucessório da capital em 2004 que teve dois grandes debates: a saúde e os camelôs. Com nosso esforço, a CUT conseguiu mobilizar os trabalhadores do setor informal para a luta por acesso ao trabalho.
 
AR – Recentemente foi assassinado um sindicalista no Rio de Janeiro. A violência contra os sindicatos ainda é grande no Brasil?

JR – O Brasil é o vice-campeão mundial de assassinatos de sindicalistas, só perde para a Colômbia, onde o movimento sindical também é alvo dos paramilitares. Na América do Sul, onde há um conflito de luta social muito mais acirrado do que no Brasil, não há notícias de tantos sindicalistas assassinados como aqui.

 
AR – Qual será o grande embate neste congresso cutista?
JR – O grande desafio para o movimento sindical vai ser a batalha política das eleições deste ano. Fazer com que os sindicatos cheguem neste processo de forma mais unida, se não no primeiro turno, mas no segundo, em apoio à reeleição de Lula. As cisões que ocorrem neste momento geram mais dificuldades.
 
AR – A luta pelas mudanças aumenta com a reeleição de Lula?
JR – Tanto com Lula ou sem ele a luta sindical tende a se acirrar, principalmente no movimento pelas mudanças. Com o Alckmin haverá o aumento da resistência porque será a volta das privatizações, do esvaziamento do estado e da construção da Alca. Com isso, a luta pela soberania nacional tende a se acentuar.
 
AR – Qual deve ser o papel da Corrente Sindical Classista neste congresso?
JR – A CSC precisa fazer um debate para que a CUT estadual seja capaz de responder os desafios para os próximos três anos e que haja uma participação mais classista da Central. Neste momento de resistência, os sindicatos costumam se voltar para dentro, para as demandas corporativas e não consegue ver a luta de classes como algo viável. Nosso grande desafio é ganhar os sindicatos para uma concepção classista. Precisamos construir fóruns dos servidores estaduais, dar maior organicidade dos regionais do interior. Abordar a campanha do salário o mínimo, pela redução da jornada de trabalho e a importância da democracia do movimento sindical.
 
AR – Alguns sindicatos deixaram a CUT. Como você vê esta questão?
JR – Todas a cisões foram feitas de forma ilegítima, não representativa.Teve assembléia com 30 e até 11 pessoas. O plebiscito do Sindsprev, por exemplo, foi uma farsa, pois não teve o contraditório, que não teve oportunidade de se manifestar. As assembléias foram convocadas com dois dias de antecedência. Essas divisões só servem de enfraquecimento para os trabalhadores.