Argentina também investe pesado em biocombustíveis

Há dois meses, a empresa de óleos vegetais Vicentín, uma das principais esmagadoras de grãos da Argentina, iniciou um investimento de US$ 40 milhões para a instalação de uma usina de biodiesel no país, em San Lorenzo.

Com capacidade para produzir 200 mil toneladas por ano e inauguração prevista para abril de 2007, a unidade é o primeiro empreendimento de grande porte no promissor segmento no mercado vizinho. Mas a aprovação do uso obrigatório de biocombustíveis na Argentina a partir de 2010 deverá acelerar os investimentos na área. Os projetos anunciados até agora superam US$ 70 milhões, de acordo com Miguel Almada, gerente do programa de biodiesel da Secretaria de Agricultura, Pecuária, Pesca e Alimentação do país. De acordo com ele, estima-se que será necessário um aporte de US$ 270 milhões para garantir a oferta de biodiesel e etanol projetada para o mercado nacional em 2010. Até 2021, os investimentos devem chegar a US$ 400 milhões.

No fim de abril, o país aprovou legislação para incentivar a produção de biocombustíveis, tendo em vista a substituição de parte do consumo interno de diesel e o mercado externo. A partir de 1º de janeiro de 2010, será obrigatória a mistura de 5% de biodiesel ao diesel e de 5% de etanol à gasolina. "Essa mistura significará uma demanda anual de 685 milhões de litros de biodiesel e de 200 milhões de litros de etanol", prevê Almada. A previsão para os investimentos leva em consideração a instalação de 18 plantas de biodiesel e seis de etanol. Além da Vicentín, outros projetos começam a sair do papel em território argentino. Recentemente, a petroleira Repsol YPF anunciou um investimento de US$ 30 milhões em uma planta de biodiesel em Ensenada. A usina terá capacidade para produzir 120 milhões de litros de biocombustível por ano e deve entrar em operação no fim de 2007.

Produção de milho

 

Hoje existem apenas pequenas usinas no país, como a Oil Fox, que produz 3 milhões de litros de biodiesel por mês – dos quais 1 milhão são destinados à Alemanha. A empresa está investindo US$ 1 milhão na instalação de uma nova usina do combustível em Santa Fé. "Empresas como Cargill, Bunge e Endesa, além de cooperativas, enviaram projetos ao governo argentino, mas ainda não há confirmação oficial desses investimentos", afirma Almada. As matérias-primas mais usadas no vizinho para a produção de biodiesel têm sido soja e girassol. O governo estuda a viabilidade do uso de produtos como canola, amendoim, mamona (importada do Brasil) e sebo animal. Atualmente, a Argentina produz cerca de 40 milhões de toneladas de soja por safra e exporta mais de 10 milhões.

 

 A produção de milho é de 14 milhões de toneladas – 8,5 milhões destinadas ao exterior. No caso do etanol, os argentinos preferiram adotar como matéria-prima o milho, em lugar da cana. "A lavoura canavieira argentina é pequena, de baixa produtividade e muito voltada à produção de açúcar", diz Almada. Ele observa ainda que o custo de produção de biodiesel com milho é mais baixo. Para o gerente, a adoção de misturas com biodiesel por outros países também abre oportunidades para Brasil e Argentina exportarem o excedente de produção. A União Européia, por exemplo, determina por lei um aumento gradual na mistura de biodiesel no diesel dos atuais 2,75% para 8% até 2015.

As informações são do
jornal Valor Econômico