Alckmin precisa melhorar nas pesquisas para acabar com divergências

Os tucanos querem acabar com as divergências entre o PSDB e o PFL. E esperam conseguir isso a partir da primeira reunião do conselho político da campanha de Geraldo Alckmin, formado por representantes dos dois partidos, marcada para esta

As divergências entre as duas agremiações se intensificaram na semana passada, após a divulgação de pesquisas de intenção de voto apontando o crescimento da candidatura do presidente Lula e a queda de Alckmin.

Às vésperas da formalização da aliança entre PSDB e PFL, que ocorre na quarta-feira (31), em Brasília, Geraldo Alckmin preside a primeira reunião do conselho político de sua campanha. A idéia do grupo é fazer encontros periódicos para estabelecer rumos, estratégias e tentar aparar os recorrentes atritos internos.

Se a coligação PSDB-PFL conseguir atrair um outro partido para sua aliança, o que é pouco provável, segundo analistas políticos, a legenda também terá assento nesse fórum. O Conselho foi a fórmula encontrada para absorver o impacto de divergências internas e evitar que, ao se tornarem públicas, se transformem em crises de imagem.

César Maia, o mais ácido crítico dos rumos da candidatura, será incorporado ao colégio de analistas estratégicos da campanha. O candidato à vice-presidente, José Jorge (PFL-PE), ofereceu como missão ao prefeito do Rio na campanha presidencial organizar as análises e tendências das pesquisas eleitorais.

As pendências eleitorais entre os dois partidos nos Estados também contribuem para acirrar os ânimos entre tucanos e pefelistas. Alguns tucanos atribuem o bate-boca entre o prefeito do Rio, César Maia, e os líderes do PSDB, semana passada, como resultante do lançamento da candidatura de Eduardo Paes (PSDB-RJ) ao governo do Rio de Janeiro.

Quadro fechado

Os estrategistas de Alckmin torcem por mais candidaturas – além das já colocadas de Heloísa Helena (PSOL) e Enéas Carneiro (PRONA). Eles querem que o PDT lance o senador Cristovam Buarque (DF) e o PPS participe com Roberto Freire. A avaliação é de que esses partidos também tomariam votos de Lula junto ao eleitorado de esquerda descontente com o governo petista, mas que não se sente representado pelo tucano Alckmin, aliado de FHC.

Mas o desejo dos tucanos/pefelistas vai ficar só na vontade. Tanto o PDT quanto o PPS têm muito a perder e praticamente nada a ganhar com candidaturas presidenciais.
O PDT, por exemplo, para disputar a presidência com um candidato que tem apenas 1% de intenções de voto, terá de sacrificar sua bancada na Câmara dos Deputados e lançará a sobrevivência da legenda numa situação de alto risco, uma vez que aumentará suas dificuldades para superar a cláusula de barreira de 5% dos votos nacionais. Além disso, o PDT perderá competitividade nas eleições para o governo de estados como o Rio Grande do Sul (Alceu Collares) e Paraná (Osmar Dias), pois restringirá suas opções de alianças locais.
O mesmo raciocínio vale para o PPS. Com candidato próprio, o partido perderá aliados como o PFL, no Mato Grosso, dificultando a reeleição de seu governador, Blairo Maggi, que concorre como favorito, e reduzindo as chances da deputada Denise Frossard (RJ) na disputa pelo governo do Rio. A candidatura de Roberto Freire poderia comprometer ainda as eleições para deputado estadual e deputado federal, e também arriscaria a sobrevivência da legenda por causa da cláusula de barreira.
A análise é de que o quadro da disputa presidencial está praticamente fechado com as candidaturas de Lula à reeleição, de Alckmin pela coligação PSDB-PFL, Heloísa Helena, pela aliança PSOL-PSTU-PCB, e Enéas Carneiro, pelo Prona. O PMDB não terá candidato próprio e é altamente improvável que se alie formalmente ao PT de Lula ou à aliança de Alckmin. PDT e PPS também caminham para campanhas exclusivamente regionais.

Com agências