Decisão do Copom sobre Selic depende do Fed

Quando os diretores e o presidente do Banco Central (BC) se reunirem às 17 horas de quarta-feira para decidir a taxa básica de juros que irá vigorar até 19 de julho certamente já terão lido a ata da última reunião de política monetária do Federal Reserve

Este documento, e o comportamento que os mercados financeiros, são os dois fatores fundamentais que faltam para fechar a lista de itens observados pelo Comitê de Política Monetária (Copom). O Comitê poderá, sem sustos, reduzir a Selic pela oitava reunião em seqüência. Estará em discussão o tamanho do corte: se a manutenção do ritmo de 0,75 ponto iniciado em janeiro ou se a desaceleração da queda para 0,50 ou 0,25 ponto. Como o BC está preocupado com a volatilidade externa e interessado em transmitir aos “investidores”, sobretudo os externos, solidez e confiabilidade, prevê-se decisão unânime, sem margem a dissensos, de corte de 0,50 ponto – uma baixa nem tão audaciosa quanto o 0,75 ponto que vigorou nos três últimos encontros – que poderia passar a sensação de excessiva autoconfiança e desprezo pela crise – nem tão medrosa quanto o simbólico 0,25 ponto.

 

 

Se o Copom olhasse estritamente os dados internos – o IPCA-15 acumula nos 12 meses encerrados em maio alta de 4,3%, abaixo da meta de inflação para o ano, de 4,5%, e o superávit primário dos primeiros quatro meses de 2006 equivale a 6,36% do PIB -, poderia persistir na toada do 0,75 ponto. Os mais recentes indicadores sobre a economia norte-americana não deixam muito espaço para dúvidas ou divagações acadêmicas: tanto o PIB revisado do primeiro trimestre quando o índice de gastos pessoais (núcleo de 0,2%) autorizam a sinalização do Fed de que não precisará fazer nenhum aumento de juro no encontro do dia 29 de junho. Ou, se o fizer, de 0,25 ponto, será o último.

 

 

O fato é que juro de 5% ou de 5,25% já está de bom tamanho para controlar inflação rodando a 2% ao ano. Se depender só do mercado financeiro, a crise de volatilidade extrema desencadeada no dia 10 de maio já acabou. Não só porque os dados econômicos dos Estados Unidos não chancelam aflições ou pânicos, mas também porque a parte podre das carteiras já foi jogada fora. Mas o BC precisa sinalizar de alguma forma que decisões pontuais mais parcimoniosas não promovem alterações na curva de juros até o fim do ano. Há ainda outros dados que podem influenciar a tendência dos juros nos Estados Unidos. Na quinta-feira será conhecido o ISM, indicador que aponta o nível de expansão da atividade industrial norte-americana. No mesmo dia serão divulgados os dados de produtividade no primeiro trimestre e, na sexta-feira, o relatório com dados de emprego e desemprego em maio. "Qualquer desses indicadores que vierem acima das expectativas pode voltar a provocar volatilidade. O dado doméstico de maior destaque é o IGP-M de maio, que será divulgado na terça-feira.

 

 

Com agências