Meirelles elogia expansão de “multinacionais brasileiras”

Várias grandes empresas brasileiras estão implementando um agressivo programa de “internacionalização” além da América Latina, e hoje seus capitais no exterior superam os US$ 70 bilhões.

"Temos investimentos crescentes", disse o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, durante um seminário na FGV-Rio sobre "As novas multinacionais brasileiras". O saldo dos investimentos estrangeiros no exterior cresceu 44%, para US$ 71,6 bilhões, em setembro de 2005, em comparação aos cerca de US$ 50 bilhões registrados em 2001, disse. Meirelles disse que, para as empresas, a “globalização” tem a grande vantagem de servir para minimizar o risco e "amortecer desequilíbrios internacionais, não só cambiais mas também de ciclos econômicos".

 

Para o presidente do Banco Central, estes resultados evidenciam uma mudança "estrutural" na economia brasileira e ajudam favoravelmente nas contas externas do país, graças ao envio ao Brasil de capitais e dos dividendos sobre estes investimentos, e à exportação de bens e serviços. "Do ponto de vista macroeconômico, o Brasil está preparado para este investimento no exterior", disse Meirelles, para quem as mudanças na balança de pagamentos são um fato "estrutural".

 

Meirelles afirmou que, em geral, a tendência positiva nas contas externas do Brasil continua, apesar dos temores de empresários e economistas de que uma forte valorização do real possa diminuir a competitividade das exportações e estimular as importações baratas. Nos 12 meses até abril passado, as exportações totais do Brasil ficaram em US$ 123,8 bilhões, com importações no mesmo período no valor de US$ 78,8 bilhões, para um saldo comercial favorável de US$ 45 bilhões. "Mantemos uma tendência ao aumento em exportações totais e nas de produtos industrializados", disse.

 

A diversificação dos mercados também dá flexibilidade ao setor externo brasileiro, com 20,8% das exportações destinadas aos Estados Unidos; 25%, à União Européia; 4%, à China; e 25%, à América Latina, disse. As reservas internacionais totais do Brasil fecharam acima dos US$ 62 bilhões em abril, após pagar US$ 15 bilhões ao Fundo Monetário Internacional (FMI), lembrou Meirelles. "Temos um movimento solidamente ancorado na realidade macroeconômica, portanto, estamos em condições de manter um movimento permanente" de internacionalização dessas empresas, acrescentou.

 

Para o diretor do Centro de Economia Mundial da Fundação Getúlio Vargas, Carlos Langoni, esta “internacionalização” não é pontual, nem restrita a algumas grandes empresas. "A tendência é de crescimento, e de aumentar ao longo do tempo", afirmou. No seminário foram discutidas as experiências das principais empresas internacionais brasileiras, como a Petrobras, a Vale do Rio Doce, a Camargo Corrêa, a Andrade Gutierrez, a Odebrecht, a Gerdau e a Embraer. Estas empresas mantêm importantes operações em quase toda a América Latina, Estados Unidos e vários países da África e da Ásia. Segundo o presidente do BNDES, Demian Fiocca, a “internacionalização” ajuda a aumentar a competitividade das empresas brasileiras. Além disso, é "desejável" apoiar essa expansão, que contribui para o aumento das exportações e para a geração de empregos no Brasil, disse.

 

 

Com agências