Indústria lidera crescimento do PIB em 1,4%, diz IBGE

Para o ministro Guido Mantega (Fazenda), a projeção é de crescimento de 4,5% para a economia brasileira neste ano. Ele lembrou que o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, soma das riquezas produzidas no país, significa uma expansão ''anua

 

Por Osvaldo Bertolino

 

O PIB aumentou 1,4% no primeiro trimestre deste ano, em relação ao quarto trimestre de 2005. A indústria foi o setor que mais contribuiu para o crescimento, com alta de 1,7%, informa o Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE). A agropecuária e serviços vêm logo atrás, com elevação de 1,1% e 0,7%, respectivamente, em relação ao trimestre anterior. A Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) — uma medida dos investimentos — aumentou 3,7%. O crescimento da FBCF é explicado pelo aumento da construção civil e pela produção e importação de máquinas e equipamentos. O consumo das famílias teve alta de 0,5% e o consumo do governo, de 1%. As exportações de bens e serviços cresceram pelo 12º trimestre seguido, em 3,9%. As importações saltaram 11,6%, a maior taxa desde o final de 1996. Na comparação com o primeiro trimestre de 2005, a indústria cresceu 5%, o setor de serviços subiu 2,8%, enquanto a agropecuária teve retração de 0,5%.

 

"A taxa da agropecuária pode ser explicada pelo declínio de alguns produtos na safra de 2006. É o caso, por exemplo, do algodão, do arroz, e do amendoim, cujas safras são relevantes no primeiro trimestre", apontou o IBGE em comunicado. "Outro fator importante dentro da pecuária foi o desempenho dos bovinos, que ainda se recupera da ocorrência da febre aftosa", afirma o documento. O consumo das famílias teve expansão de 4%, no 10º trimestre seguido de alta, enquanto o consumo do governo subiu 1,6%. A boa notícia do período ficou por conta da FBCF, que saltou 9%, estimulada "pelo aumento da construção civil e pela produção e importação de máquinas e equipamentos", segundo o IBGE. "A taxa da agropecuária pode ser explicada pelo declínio de alguns produtos na safra de 2006", declarou o IBGE, que destacou a queda na produção de algodão, arroz e amendoim, e lembrou ainda que a pecuária se recupera dos efeitos da febre aftosa.

 

 

Corte de juros

 

 

A comparação do PIB do primeiro trimestre com o apurado um ano antes também mostrou que o incremento das importações superou, pela primeira vez desde o quarto trimestre de 2003, o crescimento das exportações. As compras de produtos do exterior subiram a uma taxa de 15,9%, enquanto as vendas externas tiveram expansão de 9,3% no mesmo período. Os números são reflexo do fomento ao consumo por meio da maior oferta de crédito e do aumento da renda. As Importações de Bens e Serviços apresentaram mais uma vez crescimento de 15,9%, o maior desde o terceiro trimestre de 2004 (17,7%). Os destaques da pauta de importação foram: produtos metalúrgicos, siderúrgicos, materiais elétricos e equipamentos eletrônicos. Nos quatro últimos trimestres, a economia acumula taxa positiva de 2,4%. O PIB brasileiro cresceu a uma taxa de 2,3% no ano passado, somando 1,937 trilhão de reais.

 

Outros destaques foram: a Construção Civil com 7,0% de crescimento, os Serviços Industriais de Utilidade Pública com 4,3% e a Indústria de Transformação com 3,0%. No setor de serviços, os maiores destaques foram: Comércio atacadista e varejista (4,8%) e Transportes (3,6%). Entre os componentes da demanda interna, o Consumo das Famílias alcançou a taxa positiva de 4%, o décimo crescimento consecutivo nessa comparação. Já o Consumo do Governo apresentou crescimento de 1,6%. Contribuiu para o resultado o ciclo de corte dos juros básicos (Selic), iniciado em setembro do ano passado. De setembro de 2005 até abril deste ano, o Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central reduziu a Selic em quatro pontos percentuais. A taxa está em 15,75% ao ano, mesmo patamar de março de 2001.

 

 

Investimentos públicos

 

 

Com a redução dos juros, o BC diminui a atratividade das aplicações em títulos da dívida pública. Assim, começa a "sobrar" um pouco mais de dinheiro para viabilizar investimentos. O reflexo efetivo do corte do juro na economia, entretanto, deve ocorrer somente no próximo ano. Com a redução dos juros, houve uma maior procura por empréstimos. As operações de crédito com recursos livres (vinculadas à Selic e outras taxas de juros) cresceram 3,8% no primeiro trimestre e totalizaram R$ 419 bilhões, de acordo com dados do Banco Central. Os empréstimos para pessoas físicas aumentaram 5,4% no período e, para empresas, 2,3%. Segundo o IBGE, em relação aos componentes de demanda, o destaque no PIB ficou com os investimentos, que cresceram 3,7% sobre os últimos três meses de 2005 e 9% na comparação com o mesmo intervalo do ano passado — maior taxa desde o quatro trimestre de 2004.

 

 

Vale destacar o aumento dos investimentos públicos no primeiro trimestre pelo governo federal, que cresceram 14,5% nos três primeiros meses de 2006. Em números absolutos, as despesas da União, da Previdência Social e do Banco Central aumentaram R$ 11,3 bilhões no trimestre e chegaram a R$ 88,879 bilhões no final de março. Outro componente são os incentivos fiscais, que estimularam o desempenho de segmentos como o de máquinas para escritório e equipamentos de informática, que cresceu 67,4%, refletindo uma maior produção de computadores. O ministro Guido Mantega (Fazenda) afirmou que mantém a projeção de crescimento de 4,5% para a economia brasileira neste ano. Ele lembrou que o crescimento do PIB significa uma expansão "anualizada de 6%"  — na verdade, de 5,7%. "O PIB foi bom. O país está crescendo com investimento e aumento do consumo das famílias, e isso é o que mais importa", disse ele.

 

Com agências