Ibope confirma polarização social na disputa Lula-Alckmin

Há um nítido corte de classe nas tendências do eleitorado para outubro: Lula é o presidente do povão, Alckmin, o candidato dos ricos. É o que confirmam os dados agregados por faixas de renda, no relatório do Ibope sobre a pesquis

Lula vence – geralmente com folga –  em ambos os sexos, em todas as regiões, nas capitais, periferia e interior, nos grandes, médios e pequenos municípios, em todas as faixas de idade, de instrução e de renda… Com uma solitária e notável exceção: a faixa mais rica.

Esta faixa, com renda superior a dez salários mínimos (R$ 3.500) mensais, é a única em que o candidato tucano, Geraldo Alckmin, tem mais intenções de voto que Lula. E uma vantagem bastante folgada, no pólo oposto dos demais quesitos. Na pesquisa espontânea, Alckmin fica com 31% e Lula com 16%. Na estimulada sem candidato do PMDB, o escore é 41% a 29%. Com o senador Pedro Simon concorrendo,  27% a 36% — os dados se referem sempre para a camada de renda mais alta.


Na pirâmide eleitoral eles são só 3%


Ocorre que, para a má sorte da oposição, esta faixa mais abastada corresponde a exatamente 3% do eleitorado brasileiro, conforme o estudo do Ibope que serve de base à pesquisa. Já os eleitores com renda familiar até um salário mínimo representam 20% do total; mais de um até dois 30%; mais de dois até cinco 31%; mais de cinco até dez 12% (veja ao lado o gráfico da pirâmide eleitoral brasileira).

Em todas estas faixas, a vantagem de Lula vai subindo, camada por camada, à medida que a renda se torna mais modesta. Enquanto Alckmin desce no mesmo ritmo. Confira o gráfico acima, que retrata o quadro na pesquisa estimulada que simula a hipótese mais provável, sem candidato presidencial do PMDB (Para tornar o quadro mais claro foram levados em conta apenas os votos válidos, não as respostas "branco/nulo" ou "não sabe/não opinou").


A síntese simples mas verdadeira


É isto que autoriza a síntese, simples mas essencialmente verdadeira: Lula é o presidente do povão, Alckmin, o candidato dos ricos. Não foi exatamente este o corte social das eleições de 2002, nem o das pesquisas da primeira metade do mandato. Mas desde a crise do “mensalão” esta passou a ser a lógica social da polarização Lula-tucanato. Isto faleu para quando as pesquisas desfavoreciam o presidente, em setembro-dezembro do ano passado. E vale agora que elas voltam aos níveis de antes da crise.

Mais informação sobre o mesmo fenômeno, em pesquisas da safra de maio, nos endereços:

http://www.vermelho.org.br/base.asp?texto=2725

http://www.vermelho.org.br/base.asp?texto=2749

http://www.vermelho.org.br/base.asp?texto=2791

Para ver o relatório completo do Ibope, com 260 páginas, em PDF, clique no endereço http://www.ibope.com.br/eleicoes/2006/download/opp116_cni_jun06.pdf