Greve da Receita causou 5.000 demissões no Amazonas

O presidente regional da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e do Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos e Eletrotécnicos do Amazonas, Valdemir Santana, voltou a declarar nesta segunda-feira (19/06) que a greve dos auditores fiscais da Re

Na estimativa do sindicato, “já está beirando quase 5.000 o número de pessoas contratadas por tempo determinado e que foram dispensadas antes do término do contrato temporário". De acordo com Santana, as demissões são maiores no setor termoplástico, que teria começado a dispensar os operários há cerca de 15 dias.

Mas o presidente do Centro das Indústrias do Estado do Amazonas (Cieam), Maurício Loureiro, sustentou que, por enquanto, a greve obrigou os patrões apenas a dar férias coletivas a 2 mil operários. "Nós não registramos essas 5.000 demissões — e estamos fazendo um acompanhamento constante com nossos associados".

Loureiro informou que quatro em cada dez linhas de produção do pólo industrial estão paradas, o que provoca um prejuízo diário de US$ 33 bilhões. Ele garantiu que os empresários estão "evitando ao máximo" demitir por dois motivos: investiram na qualificação da mão-de-obra e os custos trabalhistas do corte são elevados.

"São poucas as empresas que adotaram férias coletivas", rebateu Santana. "Aqui no nosso sindicato ou em qualquer sindicato ligado à CUT não chegou um pedido sequer de acordo nesse sentido".

Dados da greve
A inspetora da alfândega portuária de Manaus, Maria Elízia de Andrade, revelou que cerca de 60 medidas judiciais estão garantindo o funcionamento parcial do despacho aduaneiro. Ela explicou que pelo porto passam entre 60% e 65% de todas as mercadorias importadas que chegam à capital amazonense. Grande parte delas são componentes utilizados como matéria-prima pela indústria de eletroeletrônicos. "Normalmente temos 65 fiscais atuando aqui. Hoje estamos com 57% desse número (o que daria 37 pessoas)".

Dados da Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa) mostram que o faturamento do Pólo Industrial foi de R$ 15,6 bilhões entre janeiro e abril deste ano (11,95% superior ao do primeiro quadrimestre do ano passado). Para o bom resultado, contribuiu o aumento da venda de televisores, motivado em grande parte pela Copa do Mundo.

A última assembléia-geral do Sindicato Nacional de Auditores Fiscais da Receita Federal (Unafisco Sindical) ocorreu na quarta-feira (14). Os 2.400 trabalhadores presentes aprovaram a manutenção da greve – que já dura 50 dias – por tempo indeterminado. Eles reivindicam um reajuste salarial de 57,66% para a remuneração inicial, de 27,13% para os salários pagos ao final da carreira e de 50,73% para os servidores aposentados.

Segundo um estudo do sindicato — “Subsídios para Campanha Salarial” —, esse seria o aumento mínimo necessário para recompor as perdas de poder aquisitivo que os servidores sofreram entre janeiro de 1995 e dezembro de 2005.