Ceará: 24 horas decisivas na disputa Inácio-Eunício

Nos últimos dias, Inácio Arruda reverteu o favoritismo de Eunício e ganhou força para ser o candidato ao Senado na chapa de Cid Gomes (PSB). As negociações estão sendo conduzidas pelas cúpulas nacionais de PT, PCdoB e PSB. "Para nós, está batido o martelo. O Inácio é o candidato. As informações de Brasília são neste sentido", afirma categoricamente o presidente estadual do PCdoB, Carlos Augusto Diógenes, o Patinhas. A candidatura de Inácio no Ceará é colocada pela direção nacional do partido como uma das condições para que o PCdoB formalize a aliança com o PT no plano nacional.

Um pouco menos taxativos que Patinhas, os dirigentes do PSB, PT e até mesmo do PMDB também admitem que a candidatura Inácio ganhou forte impulso nos últimos dias. Sentindo-se isolados, interlocutores próximos a Eunício já começam a admitir a possibilidade de acabar no palanque do governador Lúcio Alcântara.

O PSDB ofereceu três possibilidades ao peemedebista: 1) indicar o vice na chapa de Lúcio; 2) sair como candidato a deputado federal e ter participação na próxima administração no caso de reeleição; 3) ser candidato ao Senado. Na hipótese de indicar o vice, o PSDB deve retirar a indicação de Beto Studart, o que já está pré-acertado. Na hipótese de se candidatar ao Senado, os tucanos esperam que Eunício entre em acordo com o deputado Moroni Torgan (PFL), a quem já foi oferecida a vaga.

Ontem, a cúpula do PSDB foi informada de que Eunício pediu mais 24 horas para decidir qual rumo tomar nesta campanha. A expectativa era de que ele anunciasse isso ontem. Há pressões internas no tucanato para que a chapa seja anunciada ainda nesta sexta-feira. A pessoas próximas, o próprio governador tem dito que essa é a tendência.

Diante do risco de perder o aliado, a oposição montou uma operação de emergência. Em Brasília, onde acompanha as negociações, o deputado estadual José Guimarães (PT) afirma que ainda se busca um entendimento que permita que a escolha do candidato a senador não afaste nem PMDB nem PCdoB da coligação encabeçada por PSB e PT. "Estamos fazendo um esforço enorme para preservar o que arduamente construímos", afirma.

Apesar de defender a candidatura de Inácio, até mesmo Patinhas reconhece que é importante manter Eunício como aliado. "Temos interesse que o PMDB fique conosco. Em Brasília, estão buscando uma forma para que o PMDB continue", afirma. Enquanto isso, em Fortaleza, os dirigentes da oposição preparam uma reunião na sexta-feira para definir a situação.

Assim como a oficialização da candidatura de Lúcio Alcântara, a convenção que homologará a chapa de Cid Gomes e Francisco Pinheiro (PT) está marcada para o próximo domingo. O PCdoB fará a convenção de forma conjunta, mas o PMDB marcou um evento próprio para 30 de junho, data-limite para a homologação das candidaturas.

Diante disso, alguns setores da oposição cogitam a hipótese de deixar a ata da convenção de domingo em aberto, confirmando apenas o nome dos candidatos a governador – Cid – e vice – Pinheiro. O senador seria anunciado até o dia 30.
A estratégia é a mesma que está sendo utilizada pelo PT nacional na definição do candidato a vice-presidente. "É uma possibilidade (não fechar o candidato ao Senado na convenção), da mesma forma que há possibilidade de o vice do Lula ficar para depois, com a ata ficando em aberto", afirma o presidente estadual do PT, Joaquim Cartaxo.

Por um lado, o adiamento da definição tenderia a favorecer Eunício, já que esperaria pelo posicionamento do PMDB e tiraria a decisão do momento em que Inácio está mais forte. O risco para o peemedebista, no entanto, é acabar deixando passar a oportunidade de se aliar aos tucanos e ficar completamente isolado caso não aceite a definição da oposição. Diante do impasse, as próximas horas serão de tensas negociações.

* Fonte: diário
O Povo (CE)