Campanha de Alckmin vive sua mais grave crise

Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) e Tasso Jereissati (PSDB-CE) são fraternais amigos. Ambos têm reservas ao tucano José Serra. Por isso, tramaram juntos a candidatura de Geraldo Alckmin à presidência. Nas últimas 48

 
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Em diálogos privados, ACM diz que Tasso porta-se de maneira “frouxa” na condução da campanha de Alckmin. Acusa-o de “falta de pulso”. Diz que o presidente do PSDB não conseguiu pôr ordem nem no próprio “terreiro”, o Ceará. E difunde a impressão de que Alckmin terá no Nordeste uma votação “vexatória”.

Desde que decidiram se unir, PSDB e PFL dedicam-se a administrar a própria desunião. Dizia-se que, passadas as convenções de junho, as rusgas estariam superadas. As últimas convenções realizam-se nesta sexta-feira. E a crise, longe de estar sanada, acentuou-se.

O discurso da unidade é mera fachada. Nos subterrâneos, tucanos e pefelistas perdem-se na troca de farpas. O desencontro brota das desavenças regionais. E deságua na campanha nacional. Sob a condição do anonimato, um senador com assento na Executiva do PFL resumiu: “Como o candidato é frágil, as seções regionais entraram num clima de salve-se quem puder. Cuidam dos seus interesses e mandam o Alckmin para o beleléu”.

No Ceará de Tasso, o governador tucano Lucio Alcântara, candidato à reeleição, dá as costas para Alckmin. De olho na popularidade de Lula, estimula a formação de um palanque informal batizado de “Lu-Lu” (Lúcio e Lula). Costura alianças com prefeitos de todos os partidos, inclusive do PT. Nesta quinta-feira, obteve o apoio do prefeito petista do município de Amontoada, Edvaldo Assis.

No Rio Grande do Norte, o tucano Geraldo Melo lançou-se ao Senado escorado na governadora Wilma Maia (PSB), candidata à reeleição com o apoio de Lula. Em Sergipe, o tucano Albano Franco simula entendimento com a campanha à reeleição do governador João Alves (PFL). Mas, irritado com o veto à sua candidatura ao Senado, Albano concorre à Câmara e, por baixo do pano, celebra uma aliança branca com Marcelo Déda, candidato de Lula ao governo sergipano.

No Piauí de Heráclito Fortes, que representante o PFL no comitê de Alckmin, o PSDB deu de ombros para os pefelistas. Para o governo, lançou o tucano Firmino Filho. Para o senado, indicou o também tucano Freitas Neto. E negocia a vice com PPS e PV. No Maranhão, a candidatura de Roseana Sarney (PFL) foi homologada no domingo em convenção que teve como ponto alto a leitura de uma carta de Lula desejando êxito à filha do aliado José Sarney. O PFL maranhense arma palanque para Lula.

A quem reclama das desavenças, Alckmin promete intervir. Mas a solução, na maioria dos casos, não vem. Nesta quinta-feira, evitou-se um incêndio na Bahia. O tucanato local foi demovido da idéia de lançar um candidato ao governo, contra Paulo Souto (PFL). Mas não deixou de fustigar ACM com a formalização da candidatura de Antonio Imbassahy, desafeto do morubixaba baiano, ao Senado. O PSDB da Bahia cobra atenção de Alckmin. E ACM diz que, se as mesuras forem maiores do que a cortesia dispensada ao seu grupo, dará o troco. Paulo Souto, de resto, fará campanha sem hostilizar Lula, detentor de 55% dos votos baianos.

O recrudescimento da crise ocorre num instante em que o PSDB diz dispor de pesquisas internas que indicam um início de crescimento de Alckmin. Um senador pefelista disse ao blog que, ainda que salte de 20% para 30%, Alckmin não ganha de Lula sem a máquina de cabos eleitorais do PFL nordestino. "Passadas as convenções, o jogo está jogado", disse ele. “E o resultado não parece nada favorável ao Alckmin”.

Fonte: Blog do Josias