PSDB racha e apoiará PFL em Sergipe
Depois de afirmar que não apoiaria PFL nem PT, ex-Governador de Sergipe sela acordo com PFL e indica Vice-Governador, mesmo tendo um racha no PSDB.
Publicado 01/07/2006 21:54 | Editado 04/03/2020 17:21
Após passar os últimos quatro anos na oposição ao Governador de Sergipe, Jpoão Alves Filho (PFL), o PSDB do ex-governador Albano Franco, anunciou a coligação formal com os pefelistas. "A nossa tomada de posição foi atendendo a Legislação Eleitoral e aos interesses dos nossos companheiros deputados", justificou Albano, minutos depois de chorar copiosamente ao ouvir o discurso de descontentamento do deputado federal Bosco Costa, que insatisfeito com o rumo do partido, renunciou à presidência e se desfiliou do PSDB, com a promessa de que apoiará e pedirá voto para Déda.
Candidato a deputado federal, Albano disse que o povo saberá entender os motivos dessa aliança. "Todos estão entendendo a Legislação Eleitoral e o apelo de Brasília. O povo é soberano e independente para julgar", disse o ex-governador, ressaltando que a chegada do PSDB, somará muito por ser o fiel da balança no processo eleitoral.
Nos bastidores, especula-se que caso o PSDB sergipano não se coligasse com o PFL local, a Direção Nacional dos tucanos iria promover uma verdadeira intervenção e anularia todas as candidaturas aprovadas na Convenção. Reiteradamente, diversas lideranças do PSDB tinham afirmado que não iriam apoiar nem João Alves (PFL) e nem Marcelo Déda (PT) ao Governo do Estado, posicionando o partido na situação de independência.
Com a formalização da coligação entre PFL-PSDB, o Deputado Estadual Fabiano Oliveira (PSDB) comporá a chapa majoritária disputando a Vice-governadoria. Conhecido por ser um empresário do ramo do entretenimento e ligado a indústria do turismo, Fabiano fez fortuna com bondosos empréstimos de estatais e por ser um desrespeitador da Lei da meia-entrada. Em seu pronunciamento, ele falou em coerência por aceitar a indicação tucana, mas nos últimos anos, foi um parlamentar oposicionista de João Alves na Assembléia Legislativa.
Presidente do PSDB-SE renuncia o cargo
Insatisfeito com a aliança do PSDB com o PFL, o deputado federal Bosco Costa (PSDB) renunciou à presidência estadual do partido e anunciou a sua desfiliação para que pudesse ficar livre para pedir apoio para o candidato a governador das oposições Marcelo Déda (PT). "O ex-governador Albano Franco não sabe nem de 10% das perseguições que eu, minha família e meus amigos sofremos do atual governador. E isso me fez tomar essa decisão", afirmou, acrescentando que "estou saindo do partido, mas não da vida pública", avisou.
Emocionado, ele falou da coerência que sempre procurou manter ao longo da sua vida pública. Bosco revelou o constrangimento que sofreu em 2002, ao ser convocado pelo partido para ser candidato a governador e depois ter sido obrigado a assinar a própria renúncia. "Foi o maior constrangimento da minha vida. Não pelo fato de não participar da disputa, mas por ter que assinar aquela renúncia", afirmou, destacando o respeito e a lealdade para com os tucanos, especialmente, para com o "meu amigo" Albano Franco.
"Estou caminhando num corredor de lama, na atual legislatura (no Congresso Nacional), mas em momento algum sujei o meu pé de lama", disse, ressaltando a sua postura oposicionista, tanto ao governo do Estado, quanto ao federal ao longo dos últimos três anos e meio, enfrentando todo tipo de dificuldade. Ele disse que poderia até contrariar o partido, mas não impediria que Albano fizesse uma coligação até para amenizar a situação dos candidatos do partido.
Os problemas do PSDB não param por aí. Confirmando mesmo o acordão PSDB/PFL, os deputados estaduais Ulices Andrade e Jorge Araújo – que ao lado de Bosco sempre foram contrários a essa aliança – garantiram ontem que não subirão no palanque de João Alves e não aparecerão no programa eleitoral para não ter suas imagens vinculadas a do governador e, muito menos, terem que pedir votos para o candidato ao quarto mandato.
Ulices Andrade disse ontem que não tem como fazer com que seus aliados votem em João Alves, principalmente porque o governador passou esses três anos e meio fazendo uma administração paralela em municípios como Canindé e Lourdes. E até mesmo porque passou quase quatro anos fazendo oposição ao governador na Assembléia. Jorge Araújo tem a mesma opinião.
Acordão está de volta
Na década de 90, João e Albano, cunharam a expressão “acordão”, para expressarem a união dos dois maiores lideres da classe dominante em Sergipe. Pelo acordo, João e Albano revezariam-se e se perpetuariam a frente das principais funções públicas do Estado. Em 1990, João foi candidato ao Governo e Albano ao Senado, sendo que ambos saíram vitoriosos. Em 1994, Albano saiu ao Governo apoiado por João e este indicou nomes ao Senado. Nas eleições de 1998, este “acórdão” foi rompido, e desde então, os dois blocos políticos rivalizaram-se na política sergipana.
Com a chegada de João Alves, ao Governo em 2002 e a ascensão da esquerda, o PSDB iniciou um processo de estraitamento com a oposição a João Alves, participando da bancada oposicionista na Assembléia Legislativa e apoiando a reeleição de Marcelo Déda (PT) à Prefeitura de Aracaju.
Mesmo delcarando que não apoiaria formalmente nenhum dos dois candidatos ao Governo, há 10 dias atrás, o PSDB de Sergipe não resistiu as pressões locais e nacionais para a composição com o PFL, e assim, configurou-se o velho “acordão” na política sergipana.
Assim, as eleições para Governador de Sergipe ganhará um novo contorno político e caberá a população decidir entre o conservadorismo-coronelista ou a mudança-progressista no próximo pleito eleitoral.