Conferência reúne intelectuais africanos em Salvador

O presidente Lula participa, nesta terça-feira (11), em Salvador (BA), de jantar da II Conferência de Intelectuais da África e da Diáspora (CIAD). A conferência, que ocorre até sexta-feira (14), tem o objetivo de reunir inte

Amanhã de manhã, Lula abrirá oficialmente o encontro de intelectuais, que terá como tema central "A Diáspora e o Renascimento Africano". Também estarão presentes os presidentes de Cabo Verde, Botswana, Guiné Equatorial, Gana e Senegal, além do primeiro-ministro da Jamaica e do vice-presidente da Tanzânia.

O encontro, que pretende ampliar o conhecimento mútuo entre os países participantes, vai discutir a retomada do desenvolvimento econômico e a democracia nos países africanos. Paralelamente, será analisada a situação da população negra nos países da chamada diáspora – aqueles para os quais contingentes de africanos foram deslocados como escravos em séculos passados.

Experiência pioneira

Para a deputada Alice Portugal (PCdoB-BA), o encontro "facilita maior cooperação para desenvolvimento comercial e de programas sociais entre os países da diáspora e o continente africano, como os que o presidente Lula vem realizando, de maneira pioneira, como o Programa Segundo Tempo, que foi implantado em Angola".

Segundo a parlamentar comunista, que vai participar do evento, essa cooperação da diáspora "é um reconhecimento de dívida que se tem com o continente africano, de todos os países que foram colonizados com a mão de obra escrava, que custa a exclusão social", afirma Alice, acrescentando que "o pagamento da dívida se dá com inclusão, por meio da cooperação e solidariedade com o continente africano".

Para Alice Portugal, participar dos debates, vai permitir "o conhecimento e entendimento dos assuntos de interesse dos países africanos e países separados da África, que são mundos separados, mas conectados pelo objetivo de crescer, que incorporarei ao meu mandato na luta pela inclusão, como as cotas sociais que tenho tratado de forma prioritária". E disse ainda que: "o PCdoB é um partido pioneiro na discussão das cotas sociais e de política ampla na luta pela igualdade racial".

Segundo o presidente da Frente Parlamentar em Defesa da Igualdade Racial da Câmara dos Deputados, Luiz Alberto (PT-BA), o Brasil foi escolhido para sediar a segunda edição por ser o país com o maior número de africanos no período da escravidão e por ter, hoje, a maior população negra do mundo, depois da Nigéria. "Sendo realizada no Brasil essa conferência mostra a posição do governo Lula em relação aos países africanos, além de estreitar as relações da África com os países da América do Sul", disse.

Luta contra o racismo

Promovida em parceria com a União Africana, a II CIAD integra as ações do governo federal para uma maior aproximação com o continente africano e destaca o compromisso com a valorização da cultura afro-brasileira, a promoção da igualdade racial e a luta contra o racismo. Reflete, ainda, o empenho dos parceiros africanos em promover o diálogo internacional para a promoção do desenvolvimento, a democracia no continente e o fortalecimento das instituições africanas.

Nesta quarta-feira (12), está prevista, no período da manhã, a mesa-redonda "A Diáspora e o Renascimento Africano: contribuições passadas e projeto atual", que contará com a presença do Presidente Lula e de outros Chefes de Estado e de Governo africanos e da Diáspora, além de autoridades de organismos internacionais, especialmente convidados para o evento. À tarde, a mesa-redonda "Gênero e eqüidade na África e na Diáspora" reunirá intelectuais de renome para um debate sobre a situação da mulher.

Na quinta-feira (13), os participantes poderão escolher entre 12 grupos temáticos, subdivididos em 24 mesas de debate. Na sexta-feira (14), pela manhã, laureados africanos com o Prêmio Nobel e dirigentes de organismos internacionais participam de sessão plenária sobre "A necessidade de um pacto político entre a África e a Diáspora pela paz, democracia e desenvolvimento". À tarde, após a apresentação dos relatórios dos grupos temáticos e mesas redondas, será feita a sessão de encerramento e apresentada a "Declaração de Salvador", contendo sugestões para o aprofundamento da cooperação entre a África e a Diáspora.

No sábado (15), terão lugar os debates do Fórum Social da II CIAD, que contará com a participação de convidados intelectuais e representantes da sociedade civil brasileira.

De Brasília

Márcia Xavier

Com agências