Alckmin defende a volta da Alca

“A Alca não andou”: esta foi a principal reclamação contra o governo Lula feita pelo presidenciável conservador, Geraldo Alckmin (PSDB-PFL), ao enumerar nesta terça-feira (11

“Eu não descarto a Alca”


 


Questionado pela imprensa, Alckmin defendeu explicitamente uma tentativa de ressussitar a Alca. ''Eu não descarto a questão da Alca. Acho até que passou um pouco o time”, lamentou, para agregar que mesmo assim “nós temos interesse”.


 


O tom defensivo (“eu não descarto”) deve vir da consciência de que a Alca é repudiada pelo enorme maioria do povo brasileiro, como um instrumento neocolonial. Em setembro de 2002, um plebiscito informal sobre o tema, promovido pelos movimentos sociais, chegou ao seguinte resultado: a favor do tratado, 113.643 votos (1,12%); contra o tratado, 9.979.964 (98,33%).


 


Mas o reconhecimento lamentoso de que a Alca morreu foi apenas para o candidato tucano defender a atual política do governo Bush, de promover os TLCs (Tratados de Livre Comércio). Vistos como um instrumento neocolonial, os TLCs já causaram ondas de protesto no Peru, Colômbia, e uma verdadeira sublevação popular no Equador.


 


“Vejo que houve uma obsessão pela questão da cadeira no Conselho de Segurança da ONU e não houve, na prática, a concretização de nenhum acordo comercial”, queixou-se o candidato, ainda atacando a política externa atual – segundo item melhor avaliado no governo Lula pelas pesquisas de opinião pública, depois da política econômica.


 


Elogio involuntário ao governo Lula


 


O tucano defendeu também que “o comércio exterior hoje é uma prioridade absoluta”. E argumentou: “Cada bilhão de dólares que você exporta são 60 mil empregos criados dentro do país”.


 


Por estas contas, o governo Lula conseguiu criar 3,5 milhões de empregos só com o esforço exportador de seus três primeiros anos. Segundo dados da Secex (Secretaria de Comércio Exterior, do Ministério do desenvolvimento), entre 2002 e 2005 as exportações brasileiras se expandiram em US$ 57,9 bilhões, de US$ 60,4 bilhões para US$ 118,3 bi (clique aqui para ver mais: www.vermelho.org.br/base.asp?texto=4999 ).


 


“Temos que deixar de ser exportadores apenas de produtos primários”, disse ainda Alckmin. “Nesse caso, o mercado dos Estados Unidos é fundamental, porque a maior parte as nossas exportações para lá é de produto acabado, enquanto que a União Européia compra produtos agrícolas”, agregou.


 


Também aí o candidato conservador faz na verdade um elogio ao governo Lula. Em 2002, último ano do PSDB no governo federal, as exportações de manufaturados cresceram 0,3%, e chegaram a US$ 33,0 bilhões. Três anos depois, em 2005, elas atingiram US$ 65,1 bilhões, depois de crescer 23,0% no ano (informações da Secex).


 


O tema das críticas à política externa brasileira dominou as declarações de Alckmin durante a sua turnê de dois dias pela Europa – Portugal e Bélgica. O candidato viajou acompanhado pelos presidentes do PSDB, Tasso Jereissati, e do PPS, Roberto Freire.


 


Como a campanha eleitoral se dá no Brasil, e o candidato não agendou nenhum contato com os brasileiros residentes nestes países (só em Portugal eles são estimados em 100 mil, entre legalizados e “sem-papéis”), fica a pergunta: para quem foi o recado pró-Alca e pró-TLC?


 


Com agências