Analista do Diap vê tendência de grande renovação na Câmara
A futura Câmara dos Deputados, a ser eleita em outubro próximo, deve sofrer uma grande renovação. Este ano, apesar das vantagens de quem concorre à reeleição, a tendência é de que menos da metade dos deputados conseguirão reno
Publicado 12/07/2006 18:15
Ele aponta como obstáculos para renovação dos mandatos, ''desencanto, decepção e até indignação do eleitor com o desvio de conduta ética de alguns deputados''. Toninho do DIAP lembra que, ''exceto no episódio da CPI dos Anões do Orçamento, nunca houve um momento de tanto desencanto e frustração de bons parlamentares com as atividades legislativas da Câmara Federal''. Para ele, isso justifica que 12% dos atuais deputados não concorram à reeleição. Alguns parlamentares optaram por disputar outro cargo, como é o caso dos deputados comunistas Inácio Arruda (CE), Agnelo Queiroz (DF) e Jandira Feghali (RJ), que concorrem ao Senado; ou mesmo desistir da vida pública. Ele também aponta a legislação eleitoral como fator decisivo para o índice de renovação. O prognóstico de baixo índice de reeleição e, em conseqüência, de grande renovação, é feito também com base no atual sistema eleitoral, no qual o candidato à eleição proporcional é eleito em lista aberta, com o eleitor votando no candidato. Toninho destaca que ''se o sistema fosse de lista fechada, na qual o eleitor vota na lista partidária e não no candidato individualmente, a renovação provavelmente seria menor, em razão da regra prevista no projeto que cuida do assunto, o qual prioriza os detentores de mandatos na ordem da lista de votação''. Três consensos Os analistas políticos tentam antecipar os cenários de renovação e composição partidária da próxima legislatura. Nos prognósticos do DIAP, da Arko Advice e do cientista político David Fleischer, há três consensos: a renovação será grande, o crescimento do PMDB, PFL e PSDB será decorrente da perda de vagas do PTB, PP e PL e o aumento de bancada do PSB, PDT e PPS se dará por herança de parte dos votos do PT. O índice de renovação, igualmente, é consenso entre os analistas, que apontam percentual próximo do da eleição de 1990, que chegou a 62%. Historicamente, os índices de renovação oscilam entre 40% e 60%. Em 1994, foi de 54%; em 1998, de 43% e em 2002, de 46%. Há acordo entre os analistas sobre a tendência de redução das bancadas de direita e centro-direita (PL, PP e PTB) e de crescimento dos de centro-esquerda (PDT e PSB). Os primeiros, que se beneficiaram da adesão dos dissidentes dos partidos de oposição, notadamente PFL e PSDB, cresceram artificialmente nesta legislatura e terão dificuldades, em outubro próximo, até para eleger o mesmo número de parlamentares que sufragaram em 2002. Estima-se que o PDT passe de 20 para algo entre 25 e 35 e o PSB de 28 para algo entre 30 e 40 deputados. Uma das razões para esse crescimento do PDT e do PSB seria a migração de votos do PT, que perde eleitores em razão de seu envolvimento com o escândalo do ''mensalão''. Quanto aos pequenos partidos de orientação ideológica, a avaliação quase unânime é de que PCdoB e PPS crescem, mas o PSol e o PV terão dificuldades para manter suas atuais bancadas, respectivamente de sete e oito deputados cada. Estima-se que o PCdoB passe de 12 para algo entre 14 e 16 e o PPS de 16 para entre 20 e 25. Vantagens e… Toninho enumera as vantagens e desvantagens para os que concorrem à reeleição na Câmara dos Deputados. Ele identifica enormes vantagens dos que concorrem à reeleição, apesar do desgaste dos atuais deputados. Além do nome conhecido e eventuais serviços prestados, contam com grandes facilidades como bases eleitorais definidas; financiadores de campanha; apoio logístico, que inclui desde quota de correio, de telefone e verba de gabinete, até funcionários do mandato. Os candidatos à reeleição contam ainda com acesso fácil às autoridades federais, estaduais e municipais e apoio de prefeitos, vereadores, deputados estaduais e candidatos majoritários de seu convívio político. … Desvantagens Toninho do DIAP aponta entre as desvantagens, as mais perceptíveis são o desgaste da Câmara dos Deputados, com vários deputados denunciados por desvio de conduta; o desejo de renovação e o sentimento de indignação do eleitorado com os políticos em geral e com os deputados e senadores em particular. Outros fatores negativos são os elevados custos de campanha e a provável fuga dos tradicionais financiadores de campanha, além da ausência de bandeiras e de resultados para reconquistar o eleitor, que não viu matérias que o beneficiasse sendo aprovadas no Congresso. Sempre com a ressalva de que os prognósticos podem sofrer ajustes, dependendo da política de alianças e da prioridade que os partidos atribuam à eleição proporcional, que deverá considerar a verticalização e a cláusula de barreira, os analistas fizeram suas projeções partindo da premissa de que os partidos serão pragmáticos. Previsões PMDB Composição eleição 2002: 75 Atual: 83 Previsão DIAP: 80 a 95 Previsão Arko Advice: 90 a 110 Previsão David Fleischer: 90 a 95 PT Composição eleição: 91 Atual: 81 Previsão DIAP: 60 a 75 Previsão Arko Advice: 55 a 70 Previsão David Fleischer: 45 a 50 PFL Composição eleição: 84 Atual: 65 Previsão DIAP: 75 a 90 Previsão Arko Advice: 65 a 80 Previsão David Fleischer: 80 a 85 PSDB Composição eleição: 70 Atual: 58 Previsão DIAP: 70 a 85 Previsão Arko Advice: 65 a 80 Previsão David Fleischer: 70 a 75 De Brasília Márcia Xavier Com agências