Lula: oposição é culpada pelo veto ao reajuste dos aposentados

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva culpou hoje a oposição pelo fato de não ser possível conceder o reajuste de 16,67% para as aposentadorias de valor acima de um salário mínim

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva comentou hoje (12), na porta do hotel onde está hospedado em Salvador, a decisão de vetar o reajuste dos aposentados. Segundo Lula, a oposição não agiu com seriedade quando votou o Orçamento Geral da União sem incluir verba para o reajuste.


 


“O orçamento foi votado com cinco meses de atraso, e eles poderiam ter colocado verba para dar o reajuste para os após”, afirmou.


 


O presidente comentou que a proposta original enviada ao Congresso foi acordada com as centrais sindicais e os aposentados. A proposta previa aumento de 16% para quem ganhasse até um salário mínimo e 5% para quem recebesse acima disso. As despesas custariam, segundo Lula, R$ 12 bilhões para a Previdência. “Eu ajo com a responsabilidade de um presidente da República que age como se estivesse agindo com a sua família, ou seja, eu só posso gastar aquilo que eu tenho”, justificou.


 


Lula disse que, neste momento, está preocupado com a medida provisória que trata da formalização do trabalho doméstico – aprovada com modificações pela Câmara dos Deputados – e com a segurança em São Paulo. O presidente afirmou ainda que colocou novamente o Exército à disposição do governador Cláudio Lembo para conter a violência na capital paulista.


 


Lula fez hoje a abertura oficial da 2ª Conferência de Intelectuais da África e da Diáspora (Ciad), no Centro de Convenções de Salvador.


 


Fontana: PSDB e PFL querem guerra


 


Ontem (11/7), o líder do PT na Câmara, deputado Henrique Fontana (RS) já havia alertado para as intenções da oposição em relação ao reajuste para os aposentados.


 


Segundo ele, a oposição obstrui os trabalhos no plenário da Câmara para impedir a votação de matérias que podem reforçar a popularidade do presidente Lula. ''É guerra pré-eleitoral'', afirmou.


 


Para Fontana, o objetivo da oposição ao defender a votação nominal da emenda que concede aumento de 16,66% a aposentados que ganham mais de um salário mínimo é arranhar a imagem de Lula. ''Eles (PFL e PSDB) não querem o apoio aos aposentados, porque tiveram tempo para dar esse apoio quando estavam no governo, e nunca deram. O objetivo é evitar a votação de outras matérias de interesse nacional que poderiam reforçar a credibilidade, o apoio e a popularidade do presidente'', disse.


 


O líder petista destacou que a obstrução da oposição impede matérias como a Lei Geral da Micro e Pequena Empresa, o Fundeb e a regulamentação da Previdência Rural. ''A oposição quer impedir o país de votar uma lei que vai reduzir impostos para 90% das pequenas e micro empresas porque não quer permitir que o presidente Lula sancione esta lei. Isso, na visão deles, trará benefício eleitoral ao presidente Lula, e eles querem ganhar a eleição'', disse.


 


Para Henrique Fontana, a oposição ''quer botar fogo no circo'' e ''trabalhar na idéia do quanto pior melhor''. ''O presidente Lula apresentou os motivos que impedem a concessão de um reajuste de 16,6% para os 8 milhões de aposentados que ganham mais do que o mínimo. O governo firmou uma política de crescimento, com 12% de ganho real para os 18 milhões de aposentados que ganham um salário mínimo. Esta política está consolidada'', lembrou.


 


De acordo com o líder petista, PFL e PSDB ''são marcados pela incoerência''. ''Eles foram governo durante oito anos e nunca concederam um reajuste de 12% acima da inflação para os aposentados. Aliás, nunca concederam nem para quem ganha salário mínimo. O que sempre estranho é essa posição absolutamente eleitoreira e incoerente do PSDB e do PFL'', disse.


 


Fontana disse que vai trabalhar para o esforço concentrado da Câmara não fracassar. ''Mas a postura do PFL parece indicar que dificilmente sairemos do impasse. Não vejo nenhuma possibilidade de evolução. O PFL deixou claro que o que quer é guerra eleitoral, vale-tudo'', disse.


 


Com informações da Agênci Brasil