Contag: Brasil ainda não teve mudança estrutural no campo

No primeiro dia do Encontro Nacional dos Povos do Campo, organizado pelo Fórum Nacional pela Reforma Agrária e Justiça do Campo, cerca de 45 entidades começam a debater os futuro da luta pela terra no país.

O diretor de Políticas Agrárias da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), Paulo Caralo, cobrou maior unidade dentro dos movimentos sociais ligados ao campo para que, juntos, tenham mais força mudar o atual modelo de desenvolvimento agrícola e consolidar a reforma agrária no país.


“Não é só o governo que tem desafios em torno da reforma agrária. Nós, que lutamos por esta causa, temos que ter maior unidade. Precisamos fortalecer os movimentos sociais e organizar mais a sociedade para que tenhamos um poder de pressão maior e possamos concretizarmos os nossos projetos”, disse Caralo. O próprio encontro em Brasília tem como um dos objetivos mobilizar as bases dos movimentos sociais. “Precisamos fortalecer os movimentos sociais. Precisamos estar unidos para podermos avançar na luta para um meio rural desenvolvido, com sustentabilidade e solidariedade”, acrescentou.


O militante destacou a importância da reforma agrária para reduzir a desigualdade no país e pôr fim às mazelas sociais existentes no campo. O atual modelo de política agrária, conforme observou, ainda deixa muito a desejar, apesar de ter, segundo ele, obtido alguns avanços no atual governo. “Conseguimos avançar em algumas políticas, como assistência técnica e no acesso à terra, mas ainda é pouco e, por isso, não podemos afirmar que houve uma mudança estrutural no campo. Ainda continua no país a concentração de terra e a expansão do agronegócio.”


O modelo ideal de reforma agrária, segundo ele, só será consolidado quando houver vontade política. “Tem sido prioridade dos governos a busca pela autosuficiência no petróleo e a questão energética. Está faltando vontade política para trazer a questão do campo para a agenda da política nacional”, destacou.


Além de distribuir a terra, disse o diretor de Políticas Agrárias da Contag, “é preciso atualizar os índices de produtividade, investir na educação voltada para a realidade rural, e oferecer assistência técnica para que as famílias possam viver com mais dignidade no campo”.