Projeto nuclear paquistanês não desperta críticas dos EUA

O Paquistão está construindo um grande reator nuclear que dentro de poucos anos será capaz de produzir plutônio suficiente para a fabricação de 40 a 50 bombas atômicas anualmente, afirmaram vários analistas citados nesta segunda-feira pel

Um relatório realizado pelo Instituto para a Ciência e a Segurança Internacional, que se baseia em fotografias obtidas por satélites, indica que se trata de um reator de mil megawatts, 20 vezes mais potente que o único reator de plutônio de posse do Paquistão, que é de 50 megawatts. O relatório foi enviado ao Governo Bush, que até o momento não fez nenhum comentário a respeito.


Os autores do relatório, David Albright e Paul Brannan, advertem que ''o sul da Ásia poderia estar em direção a uma corrida armamentista nuclear que poderá dar lugar a arsenais de centenas de armas nucleares, ou, pelo menos, a acumulações enormemente ampliadas de material militar''.


A central será capaz de produzir anualmente mais de 200 quilos de plutônio apto para uso em armas nucleares, afirma o relatório. Acredita-se que o Paquistão já possua entre 30 e 50 bombas nucleares, mas estas se baseiem no urânio e, portanto, são mais pesadas e mais difíceis de lançar.


A vizinha Índia, por outro lado, já tem entre 30 e 35 ogivas de plutônio. Índia e Paquistão não assinaram o Tratado de Não-Proliferação Nuclear. O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, assinou este ano com Nova Délhi um acordo para a contribuição de tecnologia nuclear americana à Índia, em troca de uma maior ''transparência'' no programa indiano de energia nuclear civil.


Um alto funcionário paquistanês reconheceu ao ''Washington Post'', sob condição de anonimato, que ''o programa nuclear do Paquistão amadureceu e agora o país está consolidando o programa com ampliações adicionais'', que incluem ''alguns elementos de energia nuclear civil e alguns elementos militares''.