Conferência em Roma defende intervenção no Líbano

O secretário-geral das Nações Unidas, Kofi Annan, em consonância com os Estados Unidos e a União Européia, pediu hoje (26/7) a criação de uma força multinacional para controlar o sul do território libanês e ''aumentar o poder da ONU'' para desarmar a m

Autoridades dos Estados Unidos, União Européia e de países árabes, reunidas nesta quarta-feira em Roma, na Itália, para discutir a crise no Líbano, não conseguiram chegar a um acordo para forçar o cessar-fogo por parte de Israel.


 


A declaração final da Conferência de Roma expressa apóia a idéia de ''que uma força internacional seja autorizada sob o mandato da ONU'', sem fazer referência a quais os países que participarão nesta força, nem sob que forma. O primeiro-ministro libanês, Fouad Siniora, afirmou que foram feitos ''alguns progressos'' na questão, mas ressaltou que ''ainda há muito a ser feito'' para obter um cessar-fogo israelense.


 


Durante a conferência de imprensa que se seguiu à reunião, a secretária de Estado norte-americana, Condoleezza Rice, declarou que as discussões multilaterais sobre o estabelecimento desta força vão realizar-se ''durante os próximos dias''.


 


''O mandato da força de segurança será debatido durante os próximos dias. Pedimos uma reunião urgente para que esta força possa ser constituída'', acrescentou Condoleezza.


 


Plano israelense


 


Ao término da reunião, o chefe de governo disse que o Líbano quer um cessar-fogo ''imediato'' e afirmou que a segurança na região só será possível ''quando Israel tiver boas relações com seus vizinhos'', o que se pode conseguir ''através do processo de paz''. ''O país está sendo bombardeado, a cada dia há pessoas morrendo ou ficando feridas. Viemos apresentar esta situação e nossos pedidos'', explicou Siniora, que denunciou que Israel está fazendo ''uma agressão''.


 


O primeiro-ministro disse que, embora considere que o Hezbolá tenha parte da responsabilidade pelos acontecimentos, ''havia um plano bem preparado de reação e represálias por parte de Israel, desproporcional com o ocorrido''.


 


Siniora sublinhou que é necessário que Israel comece a dar passos nas relações com seus vizinhos, ''começando pelo Líbano e resolvendo os problemas em Gaza'' ou, caso contrário, ''passaremos de uma crise para outra''. O premiê também quer que o Estado de Israel, protegido dos EUA, paguem os danos causados às instalações e à infra-estrutura do país.


 


Sacrificar árabes e palestinos


 


Para o secretário de Relações Internacionais do Partido Comunista do Brasil, José Reinaldo de Carvalho, ''Essa conferência de Roma não cumpriu nenhum objetivo positivo, não enfrentou questões de fundo. A atual crise no Oriente Médio resulta de um plano de dominação elaborado em conjunto pelo imperialismo norte-americano e seus aliados sionistas israelenses, cuja aplicação requer o sacrificio dos povos árabes e palestino, assim como da soberania nacional do Líbano'', comentou.


 


Sobre a proposta do envio de uma ''força multinacional'', José Reinaldo considera que ''nas atuais circunstâncias, será mais uma força de ocupação, não trará a paz, porém mais guerra''.


 


Para Emir Mourad, secretário da Confederação Árabe Palestina do Brasil (Copal), a reunião em Roma serviu para que fosse rejeitada a proposta de EUA e Israel, que desejavam enviar para o Líbano tropas do Pacto Militar do Atlântico Norte (Otan). “O mundo inteiro pede que cessem imediatamente a agressão militar contra o Líbano”, comentou, “enquanto o desejo de Israel é de acabar fisicamente com a Palestina e o Líbano”, concluiu.