PPS finge que não vê os escândalos de Rondônia

Basta percorrer a lista de notícias publicadas nos últimos dias na página do PPS na internet para constatar que o escândalo de corrupção que inundou o estado de Rondônia (administrado pelo partido de Roberto Freire) simplesmente não é mencionado.

Os deputados Roberto Freire (PE), Raul Jungmann  (PE) e Denise Frossard (RJ), todos do PPS, costumam desfilar no Congresso Nacional como os paladinos da ética na política. Diante de qualquer denúncia ventilada na imprensa envolvendo autoridades do governo federal ou integrantes dos partidos que apóiam o presidente Lula, os pepessistas correm diante dos microfones para externar sua indignação com ''a corrupção que assola o país'' e pedir o ''linchamento'' dos acusados, ainda que as denúncias sejam frágeis e ou mesmo falsas.



Pois bastou o noticiário colocar o estado de Rondônia (governado pelo PPS) como o vilão da vez na cena política nacional que o comportamento dos valentes vestais deixou de lembrar os três mosquiteiros e deu lugar a uma atitude que mais lembra a dos três macaquinhos que nada falam, nada vêem e nada ouvem.


 


Basta percorrer a lista de notícias publicadas nos últimos dias na página do PPS na internet para constatar que o escândalo de corrupção que inundou o estado de Rondônia simplesmente não é mencionado. Uma busca no Google News com as palavras Rondônia combinada com qualquer um destes três nomes do PPS também não traz nenhum comentário dos caciques do partido sobre os acontecimentos no estado.


 


E motivos para que as lideranças nacionais do partido de Freire se explicassem não faltam. Só para ficar no exemplo mais óbvio, basta dizer que entre os que foram presas pela Polícia Federal na última sexta-feira sob a acusação de integrar uma quadrilha que desviava dinheiro público está Carlos Magno, dirigente do PPS local e candidato a vice na chapa encabeçada pelo atual governador Ivo Cassol, um ex-tucano que agora está no PPS.


 



Além disso, o número de pessoas acusadas de corrupção no estado administrado pelo PPS –acusações baseadas em  documentos e escutas telefônicas–  é maior do que o número de deputados federais acusados de receber recursos do chamado ''valerioduto''. Só um deputado, que por ironia do destino é do PT (detalhe que a imprensa faz questão de esconder), não se envolveu no esquema desbaratado pela Polícia Federal, todos os outros 23 parlamentares de Rondônia estão sob suspeita, incluindo um do PPS.



Mas tudo isso parece ser irrelevante para o partido de Roberto Freire. Enquanto o noticiário da quase totalidade dos órgãos de comunicação do país mostra que a trilha de corrupção está chegando cada vez mais perto do Palácio de Rondônia (sede do governo estadual), o site do PPS só consegue ver a trilha dos comícios que Ivo Cassol irá percorrer nos próximos dias em busca de votos.


 


Ironicamente, o nome da coligação encabeçada por Cassol e que reúne, além do PPS, partidos como PFL, PV e Prona, é ''O Trabalho Continua''. Resta saber se o governo de ex-tucano resistirá até o dia 1º de outubro.


 


Senadora crê que o governo do PPS está envolvido


 


Mas se o PPS cala-se diante da situação de quase insolvência do Estado que administra, a oposição local não se omite e aponta os indícios de que o lastro de corrupção pode estar também no executivo.


 


Hoje (7), em discurso no Senado, a senadora Fátima Cleide (PT-RO) sustentou ''acreditar firmemente'' no envolvimento do poder Executivo de Rondônia nos casos de corrupção que levaram a Polícia Federal, na última sexta-feira, a prender os presidentes da Assembléia Legislativa e do Tribunal de Justiça do estado, além de outras 21 pessoas.


 


''É da competência do Executivo liberar recursos do orçamento. Portanto, não seria possível destinar mais dinheiro, acima da Lei de Responsabilidade Fiscal, para saciar a ambiçãodos demais poderes sem a sua participação. É óbvio'', disse.


 


A senadora lembrou que, em maio do ano passado, o governador Ivo Cassol divulgou pela TV Globo gravação que ele fizera sendo achacado por deputados estaduais. O curioso na história, continuou, é que as gravações haviam sido feitas dois anos antes. Ela indagou por que o governador não as divulgou antes e observou que, depois da divulgação das fitas, ''a briga entre os poderes deixou de existir'' e o governador nomeou novo chefe da Casa Civil, com a missão de negociar com os parlamentares.


 


''Esse assessor, agora candidato a vice-governador na chapa de reeleição do governador, é um dos 23 presos'', realçou.


 


Fátima Cleide afirmou que o Judiciário de Rondônia é constituído, em sua quase totalidade, por juízes e desembargadores honestos, e pediu à Justiça que, além da prisão dos acusados, haja o ressarcimento de aproximadamente R$ 70 milhões que teriam sido desviados da Assembléia Legislativa. Lembrou já ter denunciado, no Senado, ''uma banda podre no Poder Judiciário de Rondônia'', tendo sido, à época, ''duramente atacada e criticada por parte da imprensa local''.


 


A senadora por Rondônia sugeriu que o Supremo Tribunal Federal suspenda a norma da Constituição estadual que trata da imunidade parlamentar dos deputados estaduais.


 


''Não se pode invocar a própria torpeza dos deputados estaduais para restringir o trabalho da polícia, do Ministério Público e do Poder Judiciário na investigação dos seus crime'', disse.


 


Fátima Cleide citou ainda uma frase do ex-ministro do STF Célio Borja, em entrevista no final de semana, segundo o qual neste momento ''a crise moral é das pessoas, não das instituições''. O discurso da senadora foi apoiado pelos senadores Eduardo Suplicy (PT-SP) e Heráclito Fortes (PFL-PI).


 


Da redação,
com informações das agências