Além de cair 7 pontos, Alckmin vê rejeição subir

Por Bernardo Joffily
A pesquisa CNT-Sensus divulgada nesta terça-feira (8) deixa a candidatura Geraldo Alckmin na dependência de uma preformance espetacular na TV, a partir do dia 15, para que haja segundo turno. O candidato conservador não só caiu 7,5

Na votação espontânea, que mede o voto consolidado, embora nem sempre definitivo, Lula oscilou negativamente, de 33,5% para 32,3% (veja os gráficos ao lado). Alckmin, porém, recuou 2,5 pontos, de 12,6% para 10,1%. Apenas a senadora Heloísa Helena (Psol) avançou, de 1,4% para 4,6%. Enquanto a maioria ainda não definida, a menos de dois meses do dia da votação, oscilou para cima, de 50,9% para 52,0% do eleitorado. Os votos espontâneos em Lula permaneceram um pouco acima de dois terços do total de votos válidos.



O método da CNT-Sensus



No quesito da rejeição de candidatos, a série de sondagens da CNT-Sensus, que já se encontra na sua 84ª edição, segue um padrão distinto de outras pesquisas. O Sensus apresenta uma lista de candidatos ao entrevistado, e indaga “em quem o ser.(a) votaria ou não votaria?”. Essa metodologia impede que se compare os dados de rejeição com os de outras pesquisas. Mas é esclarecedora quando se compara os dados da CNT-Sensus em julho e agora em agosto.



Lula oscilou positivamente (de 32,7% para 33,8%) na faixa “único em quem votaria”. Também subiu uns quebrados (de 29,7% para 30,3%) na faixa “poderia votar”. Mas a surpresa está na faixa “não votaria”, onde o índice recuou 5,4 pontos, de 32,4% para 27,0%.



Faixa que não conhece Alckmin subiu 2 pontos



Com Alckmin ocorreu o inverso: o tucano recuou nas duas primeiras faixas (de 16,3% para 12,0% e de 36,0% para 32,5%) e subiu na terceira (de 35,8% para 37,6%). Além disso, o número dos que responderam que não conhecem o candidato subiu 2,2 pontos, de 7,1% para 9,3%.



É nesta última faixa, e sobretudo na do “poderia votar”, que os marqueteiros do PSDB-PFL pretendem investir com o programa de TV, em que terão 3 minutos a mais que Lula.



Heloísa Helena, como Lula, sobe nas faixas “único que votaria” e “poderia votar”, enquanto desce nas “não votaria” e “não conhece”. Porém há aí um problema para os aliados de Lula, já que a senadora sobe tirando votos não do presidente e sim do seu adversário principal, Geraldo Alckmin.



Outra dificuldade de Alckmin, bem conhecida, é a geográfica. Os seus 19,7% de intenção de voto se concentram mais no Sul, onde chegam a 27,7%. Estão relativamente bem distribuidos no Sudeste e Norte-Centro-Oeste. Porém caem para apenas 11,0% no Nordeste.



Mais uma vez, a TV será chamada a operar a penetração até agora impossível do candidato tucano no eleitorado nordestino, que corresponde a 28% do total do país.
Lula, segundo a CNT-Sensus, vence em todas as regiões. Vence no primeiro turno em todas exceto o Sul, onde tem seu pior desempenho, 37,5%. No Nordeste alcança 66,6%.



Quanto à renda, o Tucano e o petista empatam, em 35,0%, na faixa com renda entre 10 e 20 salários mínimos. Na faixa acima de 20 mínimos, Alckmin é de longe o preferido, com 62,5% das intenções de voto, contra 37,5% para Lula. Em contraste, na faixa que ganha salário mínimo ou menos, Lula chega a 56,0%
Avaliação do governo melhora



A avaliação do governo Lula obteve, segundo o Sensus, 43,6% de positiva, 39,5% de regular e 15,6% de negativa. É o melhor desempenho do governo desde fevereiro de 2005 e o o quarto consecutivo em ascenção.



Já o desempenho pessoal do presidente teve 59,3% de aprovação e 32,5% de desaprovação. Foi o melhor desde abril de 2005 e o quinto em ascenção contínua.
No Nordeste a taxa de aprovação sobe a 74,8%, enquanto no Sul, a região mais crítica, quase empata com a desaprovação: 45,9% a 45,3%. Lula mantém a inclinação histórica para ser mais aprovado pelos  homens (62,7%) que pelas mulheres (56,0%). E muito mais pelos pobres (67,5% na faixa até um salário mínimo) que pelos ricos (25,0% de aprovação contra 75,0% de desaprovação, na faixa acima de 20 salários mínimos).



O fator corrupção



A pesquisa mostra um eleitor cético sobre as investigações de corrupção. Para 49,1% elas “não vão ajudar” no combate à corrupção, contra 42,3% que acreditam que sim. Apenas 25,4% dos entrevistados nunca ouviu falar da CPI dos Sanguessugas, mas é ainda menor, 24,9%, a taxa dos que acompanham o caso. Porém mais de quatro quintos, 80,1%, declararam que não votaria em nenhum dos políticos envolvidos no escândalo.



A pesquisa foi encomentada pela Confederação Nacional do Transporte (CNT). Ouviu 2.000 pessoas em 195 municípios brasileiros, entre os dias 1º e 4 de agosto. A margem de erro varia de 1 a 3 pontos percentuais.



Clique em www.cnt.org.br/gerenciador/cnt/pdfISC/Relat84.pdf para ter acesso ao relatório completo da pesquisa. E busque em www.cnt.org.br/gerenciador/cnt/pdfISC/isc_84_relatorio_cruzamento.pdf os resultados por parcela do eleitorado.
Com www.cnt.org.br