Mídia pró-Israel deturpa matança no Líbano

“Nos últimos dias surgiram artigos em blogs e sites noticiosos na Internet procurando justificar a agressão israelense contra o Líbano com os mais diferentes argumentos. Fora a já propalada “ameaça terrorista do Hezbolá”, um deles foi longe demais ao sust

Perpetrado em 30 de julho, pelo exército terrorista de Israel, o ataque assassinou mais de 28 pessoas, entre elas 13 crianças. As fotografias das vítimas chocaram o mundo e foram reproduzidas por várias mídias, inclusive o Vermelho.


 


O site De Olho na Mídia, filhote de um site americano que atende aos interesses do Estado de Israel — o duvidoso Honest Reporting — , traduziu um artigo esta semana de Reuvet Koren, jornalista do Israel Insider, que alardeia aos quatro cantos a idéia de que “o massacre de Cana não foi cometido pelas Forças de Defesa de Israel” — o nome fantasia do exército israelense —, mas pelo próprio Hezbolá, no interesse de chocar a opinião pública mundial e forçar o fim da agressão israelense.


 


Koren diz o objetivo da “encenação” seria uma tentativa de repetir o que motivou o cessar-fogo de 1996, quando Israel bombardeou o prédio da ONU em Cana, que abrigava 800 refugiados, matando 106 pessoas, entre as quais 55 crianças. O crime resultou no encerramento da “Operação Vinhas da Ira”, nome pomposo que o estado terrorista de Israel utilizou para a agressão da época.


 


Koren afirma, com base em frases tomadas de militares israelenses, que o lugar onde estavam os refugiados era “provavelmente um esconderijo de armas” do Hezbolá e que explodira por acaso, mais de 7 horas depois do bombardeio. Toda a tese de Koren se ergue sobre depoimentos de militares israelenses e de conhecidos jornalistas simpáticos a Israel, como Ben Wademan, da CNN.


 


Banalização do crime


 


O site britânico EU Referendum, um blog de direita que repudia a adesão britânica à União Européia, publicou um artigo analisando as fotografias tomadas por fotógrafos das agências internacionais em Cana. Na ação de resgate das vítimas do bombardeio, uma criança foi retirada dos escombros, morta, e carregada por um trabalhador da defesa civil do Líbano, que aparece repetidamente nas fotografias.


 


O blog aproveitou-se de uma imagem desastradamente manipulada de um ataque a Beirute, feita por um fotógrafo free-lancer da Reuters, para tentar justificar que nãos se pode condenar unilateralmente Israel. O fotógrafo Adnan Hajj supostamente teria alterado a cor e a quantidade de fumaça produzida por um ataque aéreo israelense contra a capital libanesa. Dispensado pela Reuters, ele negou que tivesse manipulado a imagem.


 


Para o redator, a ação é uma “propaganda”. Chega-se ao requinte de analisar os supostos horários em que as fotografias teriam sido tomadas e o ângulo dos raios de sol, para concluir que os fotojornalistas e os trabalhadores da defesa civil foram desonestos, ao expor repetidamente o corpo de uma criança morta, enfatizando que, por isso, “a profissão de fotojornalista foi tristemente prejudicada por essas pessoas”.