Amorim descarta presença do Brasil em missão no Líbano

O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, praticamente descartou  a participação do Brasil na missão de paz a ser organizada pela Organização das Nações Unidas (ONU) no sul do Líbano, como parte do acordo de cessar-fogo entre Israel e o Hezbo

“Vamos dar todo o apoio político e humanitário que estiver a nosso alcance. Mas dificilmente participaremos desta missão de paz no Líbano. Estamos, digamos, muito ocupados em missões no Haiti e no Timor Leste”, afirmou o chanceler, pouco depois de chegar a Adana, na Turquia, onde os brasileiros resgatados no Líbano embarcam rumo ao Brasil.

Amorim desembarcou na cidade turca por volta de 21h desta segunda-feira, e na manhã seguinte chegou a Beirute, no Líbano, onde fará a entrega de um carregamento com nove toneladas de remédios, roupas e alimentos.

De acordo com o Itamaraty, o ministro irá transmitir às autoridades libanesas ”mensagem de solidariedade do governo e do povo brasileiros com a nação irmã do Líbano” e expressar a “aspiração de que, na seqüência dos trágicos acontecimentos do último mês, sejam redobrados os esforços da comunidade internacional e das partes diretamente envolvidas em busca de uma solução abrangente para os conflitos do Oriente Médio”.

A primeira grande missão de paz da qual o Brasil participou foi no Oriente Médio, com o patrulhamento da fronteira entre Egito e Israel. Entre 1957 e 1967, cerca de 6,5 mil militares participaram do Batalhão de Suez, como ficou conhecido. A missão terminou quando os israelenses e a frente árabe, formada por Egito, Jordânia e Síria, iniciaram a Guerra dos Seis Dias.


Nota do Itamaraty


Na segunda-feira, depois de efetivado o cessar-fogo, o Itamaraty divulgou uma nota onde diz que o Brasil “acolheu com satisfação” a resolução do Conselho de Segurança e saúda a cessação das hostilidades “sentimento de alívio e esperança”. Veja a íntegra:

 

“O Governo brasileiro acolheu com satisfação a adoção, por unanimidade, na noite de 11 de agosto, da Resolução 1701 (2006) do Conselho de Segurança das Nações Unidas, que insta o fim das hostilidades entre Israel e o Hezbollah. Saudamos, com sentimento de alívio e esperança, a entrada em vigor do cessar-fogo, ocorrida às 2h00 de hoje, horário de Brasília.

O Brasil espera que a adoção da Resolução 1701 (2006), aprovada pelo Conselho de Ministros do Líbano, em 12 de agosto, e pelo Gabinete israelense, em 13 de agosto, abra caminho seguro e promissor para a consecução de uma paz negociada, justa e duradoura entre Israel e o Líbano.

Desde o início do conflito, o Governo brasileiro, em linha com nossa tradição em favor da solução pacífica de controvérsias, apoiou o esforço diplomático para a obtenção de um cessar-fogo. Embora não integre atualmente o Conselho de Segurança, o Brasil acompanhou de perto as negociações nas Nações Unidas.

Em 3 de agosto, o Senhor Presidente da República enviou cartas ao Secretário-Geral das Nações Unidas, aos Chefes de Governo ou de Estado dos países membros permanentes do Conselho de Segurança e dos membros eleitos latino-americanos do CSNU (Argentina e Peru). Em 8 de agosto, dirigiu cartas ao Secretário-Geral da Liga dos Estados Árabes e aos Presidentes do Egito e da Turquia. O Senhor Ministro de Estado enviou cartas aos Chanceleres do Egito, da Turquia e da Síria.

O Ministro Celso Amorim, que visitará Beirute em 15 de agosto, transmitirá mensagem de solidariedade do Governo e do povo brasileiros com a nação irmã do Líbano e expressará nossa aspiração de que, na seqüência dos trágicos acontecimentos do último mês, sejam redobrados os esforços da comunidade internacional e das partes diretamente envolvidas em busca de uma solução abrangente para os conflitos do Oriente Médio.”

 

Com informações da Agência Brasil e Itamaraty