Oposição tenta ressuscitar crise política atacando Okamotto

Com o declínio gradual do candidato do bloco conservador, Geraldo Alckmin, a oposição de direita tenta arranjar pretextos para ressuscitar a crise política que abalou o governo recentemente. A esperança dos oposicionistas é de que se as denúncias de co

PSDB, PFL e PPS acabam de ingressar no Ministério Público Federal com uma representação contra Paulo Okamotto, presidente do Sebrae. Acusam-no de ter prestado falso testemunho ao depor à CPI dos Bingos em novembro do ano passado.


 


A ação é assinada pelos presidentes do PSDB, Tasso Jereissati; do PFL, Jorge Bornhausen (SC); e do PPS, Roberto Freire (PE). Este último, em viagem a Curitiba, é representado, por meio de procuração, por Bruno Medeiros, advogado do PPS. A representação contém em seus anexos vídeos e transcrições do depoimento de Okamotto à CPI e da entrevista de Lula ao Jornal Nacional, no último dia 10.


 


Depondo à CPI sob juramento, Okamotto, amigo de Lula, reconheceu ter liquidado uma dívida do presidente com o PT no valor de R$ 29,4 mil. Na ocasião, disse ter agido à revelia de Lula. Negou que houvesse conversado com o presidente a respeito do débito e de sua decisão de pagá-lo.


 


O tema voltou à tona na 11ª pergunta da entrevista de Lula ao JN. Fátima Bernardes perguntou: “O seu amigo Paulo Okamoto disse que teria pago uma dívida do senhor de R$ 30 mil, uma dívida que o senhor nem reconhece. Pelas suas declarações entregues à Justiça Eleitoral o senhor poderia até ter pago essa dívida. Por que o senhor deixou então ele arcar com esse prejuízo?


Lula fez então a seguinte afirmação: “Primeiro, porque ele admite que cometeu um erro de não ter descontado na minha indenização quando eu me afastei do PT. Segundo, eu não devo ao PT, portanto eu não deveria pagar. O que eu disse é o seguinte: quer pagar você paga porque eu não vou pagar, porque não devo ao PT”.


A declaração foi clara no sentido de informar que Lula não reconhecia a dívida com o Partido dos Trabalhadores. Lula não diz em sua resposta se conversou depois com okamotto sobre o pagamento da dívida.


 


Mesmo assim, a oposição enxergou na suposta contradição uma oportunidade para devolver ao noticiário um tema que considera espinhoso para o Planalto. Para Tasso Jereissati, “ou Okamotto cometeu perjúrio, ou Lula mentiu”. Usando sua conhecida verborragia de palanque, disse que, se Okamotto não desmentir Lula, “deve ir para a cadeia”.


 


PSDB, PFL e PPS enxergam na representação levada ao Ministério Público a oportunidade de retomar o debate acerca da necessidade de quebra do sigilo bancário de Paulo Okamotto. A CPI dos Bingos tentou. Mas foi barrada pelo STF.


 


A senadora Ideli Salvati (SC), líder do PT no Senadora, disse que a representação contra Okamotto serve apenas para demonstrar o “desespero” da oposição, que insiste numa tática que já se demonstrou “absolutamente improcedente”.


 


Folha dá respaldo para tática da oposição


 


A Folha de S. Paulo chegou a usar seu espaço editorial para defender a estratégia da oposição: “De todos os episódios da crise deflagrada no ano passado, a dívida de Lula que Okamotto declara ter pago é o que mais diretamente envolve a Presidência. Elucidar as dúvidas que pairam sobre o assunto é um imperativo. Se a disputa eleitoral favorece essa elucidação, tanto melhor.”, afirmou a Folha, de forma escancarada.


 


Na mesma edição de hoje, a Folha publica ainda um texto assinado pelo “dono” do jornal, Otávio Frias Filho, cujo título (“PT, a corrupção social-democrata”) já diz tudo sobre as preferências eleitorais do grupo que administra o maior jornal do país.